Quando eu tinha três anos, mamãe deve ter pensado que minha carreira na televisão estivesse acabada com a péssima atuação que realizei no teste para o comercial do Danoninho.
– Danoninho vale por um bifinho! – eu disse, olhando para a câmera. Pena que o cara do teste não gostou muito da minha aparência. “Esse não tem o jeito do produto”, ele deve ter imaginado.
Mas não: todos estavam errados! Eu voltaria à TV: quinta-feira, eu e Sato participamos do Antenados, programa da TV São Judas e do Canal Universitário. É claro que tremi, gaguejei e amaldiçoei o tal de Assis Chateubriand por trazer essa caixa de imagens ao nosso país.
– Nós precisamos falar no ar também? – nos perguntou uma das participantes, enquanto esperávamos o início da gravação.
– Sim. – respondeu o Sato.
– Puta. – retrucou ela, espantada.
O cenário era feito por alguns cubos onde nós sentamos. Aquele povo todo me olhando me deixou meio vermelho de vergonha. “Por que essa gente quer nos ouvir? Não temos nada para falar”, eu pensei, olhando para o Sato.
– Boa Tarde, está no ar o Antenados. Estamos aqui com Jefferson Sato e Leandro Furtado, donos do Blog Neurolistas. – a Letícia, apresentadora, começou a falar.
Pára tudo! Quem é esse tal de Leandro Furtado? Trocaram o meu nome e nem me avisaram? Que país é esse? Não mandam nem uma carta ao proprietário do nome informando que ele será mudado sem justificativa. Vou para a Inglaterra, adeus.
Após a brilhante correção da Letícia, o programa foi rolando e minhas orelhas ficando vermelhas, por conta da iluminação. Deve ser por isso que o Lima Duarte tem orelhas tão grandes. As luzes que fazem isso. A televisão é prejudicial às orelhas, meu amigo. Primeiro elas queimam, depois ficam enormes.
– Como vocês decidem qual é o melhor assunto para postar no Blog? – a Letícia perguntou.
Essa, sem dúvida, foi a questão mais difícil do programa. Como assim? Não temos assuntos importantes: temos uma dor de barriga, escrevemos! Esperamos o ônibus por muito tempo, escrevemos! Estamos com raiva de algo, vamos lá e postamos. Mas como dizer isso sem parecer idiota?
É aí que entram as nossas referências: como bons guitarristas de blues que somos, improvisamos.
– Sei lá, falamos do cotidiano, de coisas do jornalismo e tal, da felicidade, das mulheres, do Brasil.
– Corta! – gritou alguém.
Acabou o programa. Agora só falta fazer aquela cara feliz e fingir uma conversa legal, enquanto os créditos sobem na tela.
– Danoninho vale por um bifinho! – eu disse, olhando para a câmera. Pena que o cara do teste não gostou muito da minha aparência. “Esse não tem o jeito do produto”, ele deve ter imaginado.
Mas não: todos estavam errados! Eu voltaria à TV: quinta-feira, eu e Sato participamos do Antenados, programa da TV São Judas e do Canal Universitário. É claro que tremi, gaguejei e amaldiçoei o tal de Assis Chateubriand por trazer essa caixa de imagens ao nosso país.
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– Nós precisamos falar no ar também? – nos perguntou uma das participantes, enquanto esperávamos o início da gravação.
– Sim. – respondeu o Sato.
– Puta. – retrucou ela, espantada.
O cenário era feito por alguns cubos onde nós sentamos. Aquele povo todo me olhando me deixou meio vermelho de vergonha. “Por que essa gente quer nos ouvir? Não temos nada para falar”, eu pensei, olhando para o Sato.
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– Boa Tarde, está no ar o Antenados. Estamos aqui com Jefferson Sato e Leandro Furtado, donos do Blog Neurolistas. – a Letícia, apresentadora, começou a falar.
Pára tudo! Quem é esse tal de Leandro Furtado? Trocaram o meu nome e nem me avisaram? Que país é esse? Não mandam nem uma carta ao proprietário do nome informando que ele será mudado sem justificativa. Vou para a Inglaterra, adeus.
Após a brilhante correção da Letícia, o programa foi rolando e minhas orelhas ficando vermelhas, por conta da iluminação. Deve ser por isso que o Lima Duarte tem orelhas tão grandes. As luzes que fazem isso. A televisão é prejudicial às orelhas, meu amigo. Primeiro elas queimam, depois ficam enormes.
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– Como vocês decidem qual é o melhor assunto para postar no Blog? – a Letícia perguntou.
Essa, sem dúvida, foi a questão mais difícil do programa. Como assim? Não temos assuntos importantes: temos uma dor de barriga, escrevemos! Esperamos o ônibus por muito tempo, escrevemos! Estamos com raiva de algo, vamos lá e postamos. Mas como dizer isso sem parecer idiota?
É aí que entram as nossas referências: como bons guitarristas de blues que somos, improvisamos.
– Sei lá, falamos do cotidiano, de coisas do jornalismo e tal, da felicidade, das mulheres, do Brasil.
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– Corta! – gritou alguém.
Acabou o programa. Agora só falta fazer aquela cara feliz e fingir uma conversa legal, enquanto os créditos sobem na tela.