sábado, 6 de dezembro de 2008

A arte de ser fodão - Por Leandro Machado e Jefferson Sato

A frase “um cara fodão sempre será um cara fodão” talvez defina o espírito do tema: personagens de sagas literárias, cinematográficas e televisivas que, de tão singulares, emblemáticos e realizadores de grandes feitos para o progresso da humanidade, ganham a sagrada alcunha de “cara fodão”.

Um cara fodão é imortal, para início de conversa. Quer dizer, ele só morre quando deseja, escolhendo a data, o local e a razão. Um cara fodão nunca está errado: seus planos, por mais estranhos que pareçam, sempre dão certo. Nenhuma pessoa no universo supera a inteligência de um cara fodão; ninguém, absolutamente ninguém.

Um cara fodão não é mocinho nem vilão, ele está acima de tal pobre classificação. Os feitos de caras fodões desafiam a lógica e a física estabelecida pela reles humanidade. Bombas nucleares, furacões, ondas de cinco metros e os mais diversos eventos que o planeta é capaz de produzir não têm efeitos sobre caras fodões.

Segue abaixo alguns exemplos de caras fodões:

Jack Bauer (24 Horas): Certa vez, o protagonista da série 24 horas estava em um avião que caiu: só ele sobreviveu. Em outra ocasião, Jack Bauer escapou ileso de uma explosão nuclear que aconteceu na rua abaixo a que ele estava. O agente da UCT (Unidade de Combate ao Terrorismo) também já saiu vivo após ser infectado por vírus mortal, não teve sequer arranhões em terríveis acidentes de automóvel e foi perseguido sem sucesso por agentes russos, chineses e até americanos. Um autêntico cara fodão.

Dumbledore (Harry Potter): O professor da Escola de Magia de Hogwarts é tão fodão que recusou beber o elixir da vida, líquido que lhe daria a singela imortalidade. O barba branca, aliás, escolheu o dia, o lugar, a situação e até a pessoa que o mataria. E ele só morreu, é bom que se diga, porque não tinha mais o que fazer no planeta: já fizera de tudo em seus mais de 150 anos. Cansou de derrotar vilões, coitado.


Noah Bennett (Heroes): Há quem diga que este homem é um ser humano normal, sem poderes especiais. Saibam que isso é mentira. O poder dele é ser FODA e ter um plano para tudo. Inclusive, vários outros indivíduos, com e sem poderes, costumam tentar encurralá-lo com chantagens. Doce ilusão, porque no final é ele quem sai por cima. Só ele consegue bolar meios de enfrentar os mais poderosos malfeitores, fugir de prisões usando as habilidades dos outros (que isso fique claro) e discutir com o Sylar como se este fosse tão inofensivo quanto um mosquito, entre outros grandes feitos que não posso revelar por conter spoilers. Aliás, ele é tão fodão que fizeram questão de ressuscitá-lo. Quer prova maior?


John McClane (Duro de Matar): Um dos precursores da categoria “cara fodão”. Digo isso porque todos os caras fodões que apareceram depois dele tinham um pouco de John McClane em suas fodices. Ele praticamente inventou o estilo “fugir de uma situação mortal inevitável”. E ainda faz piada disso. Antes dele ninguém imaginaria um policial explodindo um andar inteiro de um prédio jogando uma bomba C4 em um buraco de elevador só para assustar um pouco. Foi também o primeiro a lutar na asa de um avião em movimento, inclusive, contra um cara bem mais forte e preparado fisicamente do que ele (venceu, óbvio). E em seu último filme, jogou um carro num helicóptero só porque ficou sem balas. “Yippie ki-yay, motherfucker!”


Gil Grissom (C.S.I.): A inteligência deste investigador fodão talvez ultrapasse os limites desses métodos de medição fajutos que realizam por aí. Certa vez, Grissom descobriu, através das qualidades de uma barata, o esconderijo de um assassino. Ele inventou todos os métodos de investigação criminal usados por esses policiais que andam pelas ruas. Grissom, aliás, é um grande autor de frases filosóficas: “adoro a humanidade, só detesto as pessoas”; ou frases com certa dose de ironia: “eles pensam que podem enganar a gente”.

domingo, 2 de novembro de 2008

Sobre heróis e algumas mentiras

Os meus sonhos e ideais para um recomeço da humanidade realmente foram para o ralo no dia em que o Sato me revelou o segredo das lutas dos Power Rangers:

– Na verdade, as batalhas eram da série japonesa. Os atores americanos só apareciam nas cenas sem ação e sem armadura. Ou seja, eram duas séries, uma japonesa (das lutas) e outra americana (com cenas do cotidiano). Apenas misturavam as imagens. – despejou o Sato, assim, como se fosse algo normal de se dizer em público.

O impacto que essa informação causou neste ser que vos escreve foi astronômico: toda a minha infância foi jogada no lixo, a imaginação pueril da mesma forma, a lembrança dos bonecos, a música que chamava os Rangers, o Alfa, o Tommy, a Astronema, a Rita Repulsa, tudo, tudo isso não faz mais sentido para mim, perdeu o valor lúdico que exercia em minha vida.

E dessa vez, meus caros, não omitirei a minha opinião: fazer isso com as pessoas é sacanagem! Enganar as crianças deste modo banal é inaceitável no mundo em que vivemos hoje. Eu sempre acreditei ser mesmo Jason dentro daquela armadura vermelha, que a Kimberly colocava o capacete de verdade, que o Billy (nerd da história) lutava contra os monstros mesmo sem saber nada de artes marciais.

E a Globo? Vocês já pensaram na Globo? Nem para nos avisar da farsa eles serviram. Pior: continuam exibindo Power Rangers para as novas gerações e não informam ninguém. Tenho pena das crianças de hoje: no futuro, elas serão iguais a mim, se sentirão humilhadas com a mentira descabida.

Enfim, me enganaram, enganaram você, enganaram meus amigos de infância e enganaram toda uma geração de crianças abandonadas na frente da televisão durante as manhãs de sábado. O que será de nós agora, camaradas? Que sentido têm as nossas vidas com essa informação? Vamos para rua! Precisamos de justiça!

Mas tudo bem, por enquanto. A batalha continua. Me recuperarei do baque. Vou ali na quitanda da esquina comprar um Quik e um gelinho americano para esquecer as mentiras do mundo. Agora só falta alguém me dizer que o Nino do Castelo Ra-Tim-Bum não tem mesmo 300 anos. Aí eu morro.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Inutilidades de uma bagunça

Cá estava eu, buscando um assunto para escrever, como sempre, quando Leandro me diz via MSN: "Mano, olha a sua volta e escreva qualquer coisa". Ok, a boa, velha e tosca técnica neurolística de escrever. O problema é que tudo o que consegui com isso foi chegar à conclusão de que ao meu redor só tem porcarias velhas, ou imundas, ou caindo aos pedaços, ou inúteis. De verdade! Desde o pedaço de 8 cm de azulejo que tem dentro da minha gaveta (não me pergunte por quê, eu também não sei. E sim, eu medi), até uma calculadora científica, cuja capinha quebrou do nada, que eu nunca usei. Ou melhor, minto, já fiz somas nela. Só. Adoro essas coisas que a gente compra e não usa. Não uso também porque nem sei usar! Faltei na única aula que não deveria. Será uma linda prova, a deste semestre.

Minha caixinha de som é um lixo! Tem um chiado ensurdecedor quando coloco o fone de ouvido e o volume só funciona até certo ponto. A outra que estava antes dessa era pior ainda. No meu guarda-roupa tem uma caixa de som largada que troquei por insistência de minha mãe com mais de oito anos. Apesar de pequenos problemas de mau contato, ela tem um som lindo de tão perfeito e limpo até hoje! Não se fazem mais coisas como antigamente.

Tenho uma carteira detonada. Alem de não ter dinheiro dentro, parece que foi estraçalhada por um pit bull realmente puto da vida. Nem sei mais há quanto tempo a tenho, mas não largo a mão de usá-la. Nunca acho uma parecida pra comprar e, quando acho, custa 70 reais! Desculpe, não vou entrar no paradoxo de pagar tudo isso só pra ter onde guardar dinheiro.

Meu celular é de segunda mão. É tosco e funciona muito mal. Às vezes trava, pensa que é Windows. Meu MP3, nem se fala! Apenas tenho de ter que admitir que, para um aparelho pirata, ele está se segurando bem. Está comigo há dois anos e meio já, capengando, mas está fazendo seu trabalho. Ainda não me deixou na mão. Eu o amo.

Tem um copo e um prato com restos de molho de tomate com carne desfiada no meu prato bem na minha frente. O molho está duro, já. Se você atacar em alguém, mata. O copo, se ficar aqui, junta uma infinidade de formigas que ninguém tem idéia de onde veio.

Tenho um pote cheio de canetas. Cheio. Uma pena que quase nenhuma funcione! Pior que nem para enfeitar elas servem, porque são horríveis. E parte das que funcionam são inutilizáveis, porque são aquelas com cheirinho e glitter na tinta. Eu não vou escrever com isso!

Esses são só alguns exemplos!

Aliás, só para fechar com chave de ouro: na última gaveta de minha estante há um CD do Guns N’ Roses que não sei o que faz ali. Pára tudo! Mate-me de uma vez, por favor!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Jornalistas de pouca sorte

Quem escolhe fazer faculdade de jornalismo dificilmente o faz pensando na parte financeira. Escolhemos trabalhar na área pensando na satisfação pessoal (?). Pelo menos é isso que a maioria dos estudantes diz, excetuando o Sato que ainda está descobrindo o motivo de estar cursando jornalismo.

Andei vendo alguns vídeos de jornalistas em situações engraçadas, a maioria deles são velhos, creio que quase todo mundo já viu. Quando os vi pensei: o sujeito estuda quatro anos, não ganha muito bem, trabalha muito além da carga que está acertada em seu contrato e ainda passa por situações como essa... É muito amor a profissão mesmo. Não apenas situações engraçadas, mas também perigosas. Muita gente tem uma visão errada da profissão e acaba agredindo repórteres, fotógrafos e outros profissionais. Por isso que eu digo que pra ser jornalista tem que amar o trabalho, porque realmente não é fácil.

Gostaria de compartilhar alguns vídeos com vocês, quando os vi não pude deixar de imaginar meus colegas de turma enfrentando tais situações.

O primeiro vídeo é de um folclórico programa pernambucano chamado “Sem meias palavras”, onde o entrevistado aparentemente bêbado tenta por diversas vezes beijar o repórter. Repare na risada do produtor e do operador de câmera. Toda vez que vejo o vídeo eu imagino o Leandro na situação do repórter, pois ele se irrita muito fácil com gente folgada. Peço que vocês vejam e imaginem o mesmo.




O segundo trata-se de um repórter entrevistando uma mulher que acabara de ser presa por furto. A entrevistada começa a ‘xavecar’ o jornalista perguntando se ele gostaria de fazer “algo bem gostosinho”, como ela descreve. Quem conhece o Sato sabe como ele é tímido, não pude deixar de imaginar ele na situação. Acho que se isso acontecesse ele abandonaria a profissão.




Esse terceiro vídeo é uma coletânea de bizarrices. Primeiro temos uma repórter que está cobrindo um evento de skate e tenta demonstrar que em pouco tempo aprendeu a fazer uma manobra. Eu me imagino em tal situação, às vezes quero inventar demais e acabo me ferrando. Depois temos outras três situações em que eu não posso revelar quem eu imaginei, pois seria perigoso para minha integridade física.





Bom, é isso. Esse foi um post tapa buraco, infelizmente. O programa com nossos amigos Sato e Leandro deve ser exibido na semana que vem, tentaremos colocar no YouTube.

No dia que a moça perguntou: “Vocês conhecem os donos do blog Neurolistas?” Minha reação foi de pavor, veja o vídeo abaixo para ter uma idéia de como eu reagi.



domingo, 28 de setembro de 2008

Quem são os donos do Neuroshit? (parte 2)

Quando eu tinha três anos, mamãe deve ter pensado que minha carreira na televisão estivesse acabada com a péssima atuação que realizei no teste para o comercial do Danoninho.

– Danoninho vale por um bifinho! – eu disse, olhando para a câmera. Pena que o cara do teste não gostou muito da minha aparência. “Esse não tem o jeito do produto”, ele deve ter imaginado.

Mas não: todos estavam errados! Eu voltaria à TV: quinta-feira, eu e Sato participamos do Antenados, programa da TV São Judas e do Canal Universitário. É claro que tremi, gaguejei e amaldiçoei o tal de Assis Chateubriand por trazer essa caixa de imagens ao nosso país.

***

– Nós precisamos falar no ar também? – nos perguntou uma das participantes, enquanto esperávamos o início da gravação.
– Sim. – respondeu o Sato.
– Puta. – retrucou ela, espantada.

O cenário era feito por alguns cubos onde nós sentamos. Aquele povo todo me olhando me deixou meio vermelho de vergonha. “Por que essa gente quer nos ouvir? Não temos nada para falar”, eu pensei, olhando para o Sato.

***

– Boa Tarde, está no ar o Antenados. Estamos aqui com Jefferson Sato e Leandro Furtado, donos do Blog Neurolistas. – a Letícia, apresentadora, começou a falar.

Pára tudo! Quem é esse tal de Leandro Furtado? Trocaram o meu nome e nem me avisaram? Que país é esse? Não mandam nem uma carta ao proprietário do nome informando que ele será mudado sem justificativa. Vou para a Inglaterra, adeus.

Após a brilhante correção da Letícia, o programa foi rolando e minhas orelhas ficando vermelhas, por conta da iluminação. Deve ser por isso que o Lima Duarte tem orelhas tão grandes. As luzes que fazem isso. A televisão é prejudicial às orelhas, meu amigo. Primeiro elas queimam, depois ficam enormes.

***

– Como vocês decidem qual é o melhor assunto para postar no Blog? – a Letícia perguntou.

Essa, sem dúvida, foi a questão mais difícil do programa. Como assim? Não temos assuntos importantes: temos uma dor de barriga, escrevemos! Esperamos o ônibus por muito tempo, escrevemos! Estamos com raiva de algo, vamos lá e postamos. Mas como dizer isso sem parecer idiota?

É aí que entram as nossas referências: como bons guitarristas de blues que somos, improvisamos.

– Sei lá, falamos do cotidiano, de coisas do jornalismo e tal, da felicidade, das mulheres, do Brasil.

***

– Corta! – gritou alguém.

Acabou o programa. Agora só falta fazer aquela cara feliz e fingir uma conversa legal, enquanto os créditos sobem na tela.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Quem são os donos do Neuroshit?

E ontem eu estava procurando um assunto para atualizar... Quem diria... Ele caiu em meu colo! Foi assim:

Era mais ou menos meio dia. Sentados à mesa, na praça de alimentação da São Judas, estavam Daniel, Leandro, Karol e eu. Nossa querida amiga (embora ela não concorde com esse rótulo em nosso caso), Tatiane, para variar, nos odeia, portanto ela já não estava mais entre nós. A Karol reclama da fome e me pergunta se tenho bala. Como não tinha, resolvi ir lá comprar balinhas para ela (aliás, balinha horrorosa aquela! Destruiram a 7 Belo!). Quando eu volto, lá está! Uma garota, que eu nunca tinha visto antes, conversando com meu grupo. Me aproximei.

Voltando um pouco no tempo, mas saindo do meu ponto de vista e mantendo-o com o grupo à mesa, quando eu saí, chegou uma garota, que ninguem alí nunca tinha visto antes (Mentira. O Leandro tinha). Ela pergunta: "Oi, vocês são do segundo ano de jornalismo? Conhecem os donos do Neurolistas?"

Nesse momento, Daniel achou que a gente tinha falado alguma coisa que alguém não gostou e vieram tirar satisfação da gente! De acordo com ele, havia um "FINISH HIM" em cima de sua cabeça (nerds entenderão a piada). Os donos do Neurolistas? COMO ASSIM? Como ela sabe da existência medíocre desse blog? Nós, que somos os donos, mal lembramos dele! Enfim, os dois respondem que eles são os donos. Aí, baseado no que me falaram, ela os convidou para participar do programa Antenados, da TV São Judas. Nesse momento, eu cheguei. Me explicaram. FATALITY!

Gravar um programa, se bem me lembro, que vai abordar a influência da internet na comunicação, distribuição de informação, enfim... coisas que a internet faz. Expliquei de uma forma tosca aqui, mas vocês entenderam. É que não lembro das palavras exatas. Estava muito assustado com a novidade, afinal recebemos uma visita, fora do nosso círculo de amizades, no blog!

Eu, claro, não aceitei. Quem me conhece sabe como sou, vou dispensar explicações. O Leandro aceitou, e o Daniel disse que, se ele não fosse sozinho, aceitaria também. Agora, vamos aguardar, ansiosamente, pela conclusão da história! Ficaram de respondê-la amanhã. A gravação será feita nesta quinta-feira.

Tomara que consigam! Vai ser legal!

Aliás, moça citada chama-se Letícia.
Letícia, agradecemos o convite! Boa sorte na gravação e na carreira!

sábado, 6 de setembro de 2008

A lista e a falta de assunto

Eu não sei você, mas eu odeio ficar sem assunto para escrever aqui no Neurolistas. O Sato sempre tem assuntos pertinentes: coisas do jornalismo, visões de mundo, música etc. O Daniel é outro que não deixa de ter temas interessantes: dor de barriga, Carla Peres, Gabriel García Márquez, entre outros.

Já eu, não sei bem o porquê, estou sem assuntos nos últimos dias. Passei séculos esperando algo excêntrico acontecer comigo: talvez uma berinjela recheada atravessasse meu caminho, ou, quem sabe, a mina de Direito virasse para mim e dissesse: “Eu te amo, Leandro, sempre te amei e vou sempre te amar”. Mas não: nada disso aconteceu.

A solução para falta de assunto é, como sempre, fazer listas! E a de hoje será sobre coisas e situações que incomodam profundamente a minha pessoa e que me deixam com a vontade de empunhar uma espada japonesa e matar todos os seres deste universo.

Segue a lista:

- Suco de caju;

- Chegar em um lugar e a pessoa falar: “Nossa, você não penteou o cabelo?”;

- Levar susto. Ainda mais quando eu tenho certeza que ali tem um ser humano escondido apenas para me assustar e, mesmo assim, caio na armadilha;

- Alguém dizer que odiou o melhor livro que eu li: “Ah, eu achei o livro superficial e vazio.”;

- Alguém dizer que achou algo “vazio”;

- Filmes/livros/seriados que têm cenas de despedida entre amigos (ou namorados) e está chovendo no lugar: Exemplo: O Caçador de Pipas. Por que, Deus, não podem fazer uma cena dessas com o dia ensolarado?

- Filmes em que a cena mais importante (perseguições, tiroteios etc) é decidida por coisas sem a menor ligação com a história, como pombos ou ratos. Exemplo: O Código Da Vinci;

- Gente que pede dinheiro em porta de show: “Você tem cinco reais para me ajudar a entrar?”. Pior: “Você tem dois contos para MIM comprar uma pinga ali?”, “Não, cara, não tenho”, “Tem sim, dois reais, mano...só uma pinguinha”, “Eu não tenho, porra, não tenho, não tenho, não tenho e não tenho!”;

- Alguém repetir as seguintes frases em um intervalo menor que 15 segundos: “Tipo assim”, ou “Tipo, sei lá”, ou “Tipo assim, sei lá”.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O Gênio Colombiano







A discussão sobre literatura ou arte de uma forma geral é sempre muito interessante. Levantar pontos favoráveis ou não sobre um determinado autor é algo que enriquece a arte e seus apreciadores. Mas existem obras e autores que são considerados pelo velho chavão “foras de série”. Ao pensar em uma lista com grandes autores considerados gênios, poderíamos ter vários nomes que se destacaram ao longo da história, mas quais se destacam nos dias atuais? Gabriel García Márquez, com certeza estaria na resposta a esta pergunta. Nascido em 1927 na cidade de Aracataca no interior da Colômbia, Márquez, que também responde as alcunhas de Gabo ou Gabito, é considerado um dos mais brilhantes escritores latino americanos. O escritor colombiano é filho de Eligio García e de Luiza Santiaga Márquez Iguaran. Sua família e infância foram muito importantes para a formação dos personagens de suas obras, as histórias contadas por sua avó Tranquilina Iguarán afetaram Gabo por toda a sua vida e o influenciaram em alguns de seus livros. Ele viveu em sua cidade natal até os oito anos de idade, quando sua família foi obrigada a se mudar, devido a crise bananeira que afetou a região. Estudou em Barranquila e no Liceu Nacional de Zipaquirá e em 1947 mudou-se para Bogotá para estudar Direito e Ciências Sociais. Não chegou a completar. Em 1948 começa a desempenhar sua função como jornalista. Passou por diversos jornais na Colômbia e chegou a ser correspondente na Europa e em Nova York, no entanto sua ligação com Fidel Castro e suas críticas aos exilados cubanos o fizeram abandonar os Estados Unidos por perseguição da CIA. Casou-se com Mercedes Barcha com quem teve dois filhos: Rodrigo e Gonzalo. Formou-se também em cinematografia na Itália e é hoje mundialmente conhecido como um dos romancistas mais brilhantes.



Literatura



García Márquez é considerado o criador do realismo-fantasia na América Latina. O colombiano afirma que deve isso a influência das obras de Franz Kafka, com destaque para “A Metamorfose” que marcou sua juventude, é o que afirma o autor: “Indaguei se poderia criar acontecimentos impossíveis ao ler em 'A Metamorfose': “Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”.
Sua primeira obra foi “La Hojarasca”, publicada em 1955. Em 1965 escreve a obra “Ninguém escreve ao coronel”. A obra “Relato de um náufrago” foi primeiramente publicada no jornal “El Espectador”, virando livro anos mais tarde. Entre as obras de Gabo, se destacam também “Crônica de uma morte anunciada”, “Amor nos tempos de cólera”, “O outono do patriarca”, “Os funerais da mamãe grande” entre outros. Mas nenhuma delas é tão brilhante como “Cem anos de solidão”, obra vencedora do prêmio Nobel de Literatura de 1982. Gabriel García Márquez está sempre afirmando que o bom escritor sempre escreve sobre o mesmo tema, e que em seu caso o assunto sempre abordado é a solidão. A obra vencedora do Nobel conta a história da família Buendía na cidade de Macondo ao longo de cem anos. As semelhanças com as revoluções e o desenvolvimento da cidade do livro com outros países latino americanos são intencionais. Gabo em “Cem anos de solidão” transmite com precisão a dor e a solidão oriundos de sentimentos como orgulho e inveja em uma estirpe condenado ao sofrimento. Para o autor sentimentos tão comuns ao ser humano que faz com que as histórias pareçam se repetir em todas as gerações da família Buendía. A força e o desgosto da centenária Úrsula - talvez a personagem mais importante do livro - em resgatar sua família que a cada geração se torna mais infeliz são sentidos pelo leitor como se tais sentimentos transbordassem do livro. A amargura de Amaranta que passa uma vida inteira de sofrimento pelo seu próprio orgulho e o destino trágico de seus irmãos, levam a uma tentativa de Úrsula de mudar o destino dos Buendía, que parecem estar condenados a infelicidade até o fim de seus dias. Na obra Gabo sintetiza de maneira brilhante elementos como natureza, crises sociais e políticas, a morte, o amor, o humor, forças sobrenaturais e logicamente a solidão. Márquez é mais que um escritor, é um gênio do nosso tempo.


Vá agora comprar um livro de Gabriel García Márquez, ou você irá queimar no inferno por toda a eternidade! Recomendo “Cem anos de Solidão.”

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Drogado de música

Música!

Isso mesmo, música. Não estilos, não tribos, não classificações, não nomes pré-determinados e subjetivos. Apenas a música em sua forma mais pura. A boa música, que nada mais é do que aquela que nos agrada individualmente. Exato! É simples assim.

Ando pensando bastante nisso. Fiz um perfil no Last.fm esses dias. Para quem não sabe, é um site de relacionamentos, mais ou menos nos moldes do Orkut, mas baseado em música. É uma ferramenta divertida, tenho que admitir. Mas fiquei meio perturbado ao ver algo que eu já sabia que acontecia: as pessoas dão um monte de estilos diferentes para uma mesma coisa. Ah, a banda 'X' é indie. Não, é punk. Não, eu acho que é folk. Espera, tenho certeza absoluta de que é skacore!

É irritante. Nunca gostei desse negócio de rotular as coisas. Quando eu era mais novo, eu dizia que era punk, porque eu sempre gostei da idelogia num geral. Eu me considerava um. Mas o que as pessoas faziam era me olhar da cabeça aos pés e dizer: "Com essas roupas? Com esses cabelos?", e percebi que pouca gente vê além da aparência. Há muitos punks que não se vestem como um (como todos no Bad Religion, por exemplo). Para ser adepto de uma filosofia, você precisa mudar sua cabeça, não sua aparência externa. Por isso que hoje só existem posers no cenário musical. Legal, se o cara se veste como punk, então ele é punk. Uau, que genial. As pessoas esquecem que, antes de ser qualquer coisa, elas são elas mesmas.

É assim na música também: antes ter um estilo, ela é apenas música e isso que é o legal. Há tantos rótulos para uma mesma coisa, que não chega-se a consenso nenhum. E mesmo se chegasse, isso não faria a menor diferença. Não pode existir no mundo alguém que só ouve um determinado tipo de música. Se existir, essa pessoa é uma grande idiota, ela merece morrer. Música é a coisa mais legal que o ser humano inventou (ou devo dizer: adaptou). Como alguém pode não apreciar isso?

Estou com uma banda nova. A outra, sei lá para onde está indo. Mas não importa. Eu vivo querendo montar bandas com todo mundo! Se você quiser, é só dar um toque! Mas sem essa de "não, vamos levar essa banda a sério". Claro que eu levo a sério sempre, mas, acima de tudo, eu gosto de me divertir com a música. Putz, a banda não deu certo? Não importa, foi legal e valeu a pena enquanto durou! É extremamente prazeroso juntar um grupo de pessoas e fazer um som! Estou sempre falando para um monte de gente: "vai lá, aprende a tocar algum instrumento". Não importa se você não é habilidoso ou não tem talento. Apenas faça para se divertir, porque é BOM! É relaxante!

Eis o melhor conselho que posso dar para as pessoas, especialmente agora que é férias: vá e aprenda a tocar um instrumento! Não tem dinheiro pra fazer aula? Não precisa, pega uma base em casa mesmo. A internet tem um monte de lugar que ensina. Instrumentos são caros? Poxa, compre uma gaita, custa 30 reais uma simples da Hering. Compre instrumentos usados, vende em todo canto. Um violão, uma guitarra, um cavaco, um banjo, um teclado, o que você quiser. Você é ruim tocando? Não importa, continue tocando! O que vale é você apreciar a música. Não estilos, não tribos, não classificações, não nomes pré-determinados e subjetivos. Apenas a música em sua forma mais pura. A boa música, que nada mais é do que aquela que nos agrada individualmente. Exato! É simples assim.


Na foto: Robert Johnson que, reza a lenda, vendeu sua alma em uma encruzilhada pela música, tornando-se o rei do Delta Blues.

domingo, 29 de junho de 2008

A angustiada espera pelo ônibus

A humanidade deveria ser dividida em dois grupos: um de pessoas que esperam ônibus que passam rapidamente e outro com o resto do mundo, os infelizes que aguardam o veículo por mais de meia hora.

O primeiro grupo seria feito por pessoas felizes, sorridentes, que usam roupas coloridas e que nunca têm tempo para comprar uma tapioca naquela barraquinha ali do lado. A segunda parte – ao qual eu pertenço – contém pessoas tristes, angustiadas, que andam de preto e que sempre contam moedinhas para comer a tapioca.

– De queijo, por favor, seu Zé.

A saga de se esperar o ônibus começa quando eu piso no ponto e o vejo lotado. O fato de haver muitas pessoas ali me faz imaginar (não sei por que) que hoje finalmente ele passará mais rápido. Há um clima no ar: em dez minutinhos ele aparece, chegarei cedo em casa, vou comer aquele belo sanduíche que minha mãe está fazendo e, finalmente, dormir!

Os dez minutinhos se passam, os outros ônibus também, levando as pessoas felizes. E eu lá: mais cinco minutos e ele chega, não tem erro. Já estou até ouvindo o barulho característico que ele faz.

Quinze minutos: nesse momento vejo a senhora que pega o mesmo ônibus que eu. Não a conheço, não sei o seu nome, e nem se vende perfumes do Avon; mas nos damos bem, isso que importa. Aí nós trocamos o diálogo que se repete todos os dias, sem exceção:

– Tá demorando hoje, né? – eu pergunto.
– É verdade, será que quebrou pelo caminho? – ela diz.

Nos olhamos. Todas as pessoas que esperam ônibus demorados entendem esse olhar. Como assim quebrou? Será? Mas aí vai demorar umas duas horas! Não pode ser. E o meu sanduíche?

Trinta minutos: não tem mais ninguém no ponto. Apenas eu, a senhora que espera juntamente comigo, o Zé da tapioca e uma louca ali do lado que acredita ser recepcionista de hospital.

Quarenta minutos: eu desisto! Minha vida é uma bosta, trabalho demais, ganho pouco, durmo menos ainda, meu tênis está furado e ainda sou obrigado a comer essa tapioca horrível que o Zé faz. Tudo isso, sabe por quê? Porque a porcaria do ônibus não passa no horário certo.

É aí que o milagre acontece: escuto lá de longe o barulhinho do danado. Será que é ele, o meu ônibus? Logo vejo aquele letreiro brilhante, lindo. É ele mesmo.

– Estive esperando por você – eu digo para o ônibus, com a voz embargada.

Ele não responde, apenas estaciona, eu entro e esqueço meus problemas: agora só penso no sanduíche que está à minha espera.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Realidade é cruel, porra!


Nosso planeta sempre foi um local de disputas entre os seres humanos. Há quem diga que o mundo nunca esteve tão ruim e outros que estamos progredindo aos poucos. De fato, algumas mudanças são perceptíveis. Hoje existe uma consciência coletiva sobre o que é certo ou errado, algo que era impossível no passado, pois dificilmente se tinha noção do que acontecia fora do próprio círculo de vivências. No século XX assistimos diversas melhorias, pelo menos nas sociedades ocidentais. Surgem as leis que dão diretos civis as mulheres e aos negros, além da declaração universal dos diretos humanos, que garantem ao homem o direito a liberdade e a vida. É óbvio que tudo isso é muito bonito no papel e que a realidade continua sendo outra... O Racismo e outros tipos de intolerância e exploração continuam existindo, mas não devemos ignorar tais avanços. Ainda é preciso que muita coisa seja feita. Piorando ou melhorando, tudo continua sendo uma bela merda (como diria o Sato) e por isso queria que vocês seres abissais que freqüentam este blog deixassem em seus comentários uma resposta a seguinte questão: Como você criaria seu filho hoje? Levanto essa discussão porque nos últimos tempos tenho tido contato com pessoas que foram extremamente mimadas e que acham que vivem em um mundo de fadas e duendes onde não há maldade. E sim, falo sério. Pessoas mimadas são aquelas que desde que nascem recebem tudo o que querem e não entendem que existem outros seres humanos no mundo, elas simplesmente fazem o que bem entendem sem se importar com a coletividade. Essas pessoas acabam sofrendo muito quando descobrem que nem todo mundo irá tratá-las como seus pais faziam. Sim, porque os grandes culpados por alguém ser um belo filho da puta mimado são os pais que não mostram aos merdas dos filhos o significado da palavra limite. Tudo que o filho pede, os malditos dos pais dão respeitando a vontade imediata do pequeno demônio. Gente mimada não consegue esperar tem que ser tudo na hora que ela quer. Essas criaturas quando crescem viram pessoas muito chatas de se conviver, saem por aí com seus outros amiguinhos que tiveram a mesma criação de merda sacaneando as pessoas na rua, criando confusões em baladas e etc..Esse tipo são os famosos playboys. Mas há sem dúvida um tipo muito pior: é aquele ser que além de ter sido mimado sempre foi super protegido, os pais nunca deixaram sair de casa sozinho ou ir pra alguma festa que acabe muito tarde, sempre tem alguém pra buscar e levar. Pessoas que são criadas assim são dignas de pena, porque acabam se tornando poços de ingenuidade e quando são “soltos da sua gaiola” parecem pintos no lixo...Ficam fascinados só em poder andar de ônibus ou metrô, ou só de estar na rua com seus amigos. Geralmente pessoas assim são filhos de pais milionários.

O tipo playboy só muda quando algo grande acontece em sua vida como ter um filho ou quando seus pais morrem e ele é obrigado a começar a ralar pelo seu próprio sustento, resumindo: quando tem de assumir responsabilidade. Já o outro tipo provavelmente permanecerá sendo um tonto o resto da vida, achando que tudo é belo como seu quartinho onde ele (a) passou toda sua infância e adolescência. Outra característica marcante dos mimados é a necessidade de mostrar que eles sabem tudo. Isso se deve ao fato de na infância tudo o que eles falavam ou faziam recebia grande atenção por parte de seus pais, daí quando ficam velhos eles acham que todo mundo liga e admira o que eles falam ou fazem. Ex: está todo mundo conversando sobre alguma coisa qualquer, daí o mimado interrompe a conversa só pra falar sobre toda sua experiência e conhecimento sobre o assunto. O pior é que depois de um tempo isso se torna muito chato e toda vez que a pessoa vai falar ou mostrar o que sabe, aumenta a nossa vontade de falar: “Foda-se! Eu não estou nem aí pra o que você acha.” Perceba que pessoas mimadas só expressam opiniões pobres, carregadas de clichês, sem falar que são sempre politicamente corretos, defendem a bondade das pessoas, são assim porque justamente desconhecem o mundo como ele realmente é. Sim, não sabem das merdas que acontecem por aí.

Certa vez li em uma ‘Caras’ que a Fátima Bernardes não deixava que seus filhos tivessem contato com filmes e novelas com cenas violentas porque isso poderia perturbar a mente deles... Pelo amor de Deus, Vai toma no meio do olho do cu... Isso é muita frescura, os filhos da famosa âncora serão de fato o que eu citei anteriormente: bestas ingênuas que acham que o mundo é feito de pessoas puras e boas. Vou ser honesto, claro que é necessário ter cuidado com os lugares que seu filho freqüenta ou as amizades que ele tem, mas é preciso que ele vivencie situações que o tornem uma pessoa ciente da realidade que o cerca, que lide com frustrações e entenda que nem tudo é como ele gostaria. Para isso é preciso apenas ensinar valores e não trancá-lo dentro de casa ou achar que ele só estará satisfeito tendo tudo que deseja, porque um filho mimado será feliz enquanto viver com seus pais, mas com certeza se tornará um aleijado para vida, porque vai ter de aprender a ser ‘gente’ depois de velho e sozinho. Por favor, criem seus filhos sem frescura, isso é o maior bem que vocês podem dar a eles. Eu não agüento mais pessoas mimadas, queria levar todas para algum local que esteja tendo uma guerra ou qualquer conflito e falar: “Tá vendo filho da puta? Tá vendo como o mundo é uma merda, olha lá a como o ser humano cruel..Achou que era tudo bonitinho como seus pais sempre te ensinaram, né? Acorda e para de encher os outros com suas idéias de mundinho perfeito. Comece a tratar os outros com respeito agora, porque ninguém é obrigado a aceitar suas vontades. E NÃO!! NINGUÉM TEM DÓ DE VOCÊ, FILHO DA PUTA!

Eu ia postar um texto que fiz sobre o futuro do Leandro, mas estou realmente incomodado com a quantidade de gente fresca que fica atormentando os outros por aí. Comentem! Sim, isso foi direcionado! Pra três pessoas em especial.

Frase típica de uma menina mimada: “Meu, minha vida é muito perfeita.”

Não sou contra a felicidade de ninguém, só não torre a paciência dos outros com frescuras.

sábado, 10 de maio de 2008

Aos amigos que não se encontram

Sabe aquele amigo que você não vê há algum tempo? Aquele mesmo que você nem pensa mais, mas quando sonha com ele, ainda ouve a voz exatamente como era. Ou que quando você come “baião de dois”, lembra: “A mãe daquele meu amigo fazia um maravilhoso”.

Sabe aquele amigo que jogava futebol com você? O que ganhou com você campeonatos, troféus; é ele: vocês faziam as melhores tabelas, os melhores passes. Você era são-paulino, ele, corintiano, mas os dois não discutiam sobre isso. Futebol estava abaixo da amizade de vocês.

Você lembra daquele amigo que uma vez jogou “Donkey Kong 3” com você? Vocês não conseguiam passar a fase da aranha. Mas depois de umas quatro horas finalmente chegaram ao final; aí você disse: “Porra, que difícil.”, e ele respondeu: “Eu não achei muito, não”.

Sabe aquele seu amigo que certa vez decidiu não ir a uma excursão no ônibus da escola? Ele queria ir sozinho. Você foi com ele, é claro; afinal, eram amigos. Detalhe: vocês tinham onze anos e não sabiam chegar ao lugar, mas foram mesmo assim. Vocês se perderam.

E você lembra quando você e seu amigo gostavam da mesma garota? Você a desejava, é claro, mas não ficava com ela para não magoar o seu amigo. Aí, um dia, ele a beijou, mas você não ficou triste; simplesmente olhou para outra garota e disse: “Posso gostar de você?”

E quando o seu amigo olhou para você e disse: “Você é o meu melhor amigo”, lembra disso? E você retribuiu: “Você é tão meu amigo quanto eu gostaria que meu melhor amigo fosse”. Ele achou estranho, mas no fundo sabia que você era chegado em frases diferentes.

E aquele amigo que brigou com você sem motivo, você lembra? Isso, é ele mesmo; vocês ficaram três anos sem se falar, estudando na mesma sala, um do lado do outro, fazendo parte da mesma turma. Sim, você não falou com ele, não trocaram nenhuma palavra nos três anos, mas todo mundo sabia que os dois morriam de vontade de voltarem a conversar.

E foi assim o final: ele mudou de escola. Você mudou para outra diferente. Voltaram a se falar, finalmente. Pelo Orkut. Viva o Orkut! Mas não passou disso, infelizmente. Maldito Orkut! Ele agora mudou para o interior, só às vezes vem para São Paulo.

É, mas agora você lembrou dele, não é? Não é apenas mais uma fotinha na sua página inicial do Orkut. Você lembrou! Parabéns!

Mas vocês se reencontraram um dia desses no metrô. Já fazia quatro anos que não se viam, né? E o que aconteceu? Sobre o que conversaram? Foi como antigamente? Marcaram de sair para beber uma cerveja?

Não, né? Nada disso aconteceu. Deram aquele “oi” obrigatório e só. Ele foi para o lado dele, você para o seu. E foi isso. E agora, nós – sim, nós; eu, você e nossos melhores amigos – pensamos: “É o pior fim para uma amizade.”

sábado, 3 de maio de 2008

Jornal Grátis: o futuro da ignorância

Pessoalmente, sou da seguinte filosofia: se não tem o que falar, fique calado. Mas já que insistem em manter essa porcaria de "ordem de postagem", aí vai um texto que ia para o meu blog, mas é tão horrível que eu desisti de fazer isso. Portanto mereceu vir para cá.

Ao chegar na faculdade uns tempos atrás, recebi um exemplar do jornal Metro, como de costume. A diferença é que dessa vez ele tinha uma "sobrecapa", com um gigantesco mapa e um desenho de um pino apontando na rua Taquari e escrito "Você está aqui". Cheguei a conclusão de que essa é a informação mais útil que eu já vi nesse jornal, mesmo que fosse só um pretexto para, no verso, ter uma propaganda da Nokia e seus celulares com GPS. Não preciso dizer que comecei a rir sozinho feito um maníaco, né?

Há sempre um monte de informações inúteis aqui. Por exemplo o cara que foi preso por roubar uma garrafa de pinga (que custa R$1,50), ou uma notícia dizendo que o consumo do champanhe dobrou em 2007. É, isso sim vai mudar minha vida. "68% dos prefeitos de SP são investigados". Só 68? Que pouco! Essa aqui é muito boa também: "Ladrão não sabia que casa era de ministro". E DAÍ? E que tal as previsões meteorológicas que nunca estão certas? Há um mês tomei uma puta chuva por causa desse lixo de jornal. Tempo nublado sem chuvas é o caramba! Isso tirando as outras notas. Por exemplo: todo dia tem uma notinha falando de quantos morreram no dia anterior lá no Oriente Médio, com ataques, homens-bomba... o de sempre...

Uma vez cheguei a me deparar com "Collor pede perdão por confisco de 90", com uma declaração do próprio almofadinha: "Peço desculpas, porque não era meu desejo causar esse tipo de sentimento na classe média brasileira". Claro, que bom que não era tarde demais pra pedir desculpas.

Não importa que digam que este é, provavelmente, o melhor jornal de distribuição gratuita atualmente. Isso não impede ele de ser uma completa droga. Claro que não no nível do MetrôNews e a Zeca-feira (lembram desse lixo? A modinha já passou). Tá, ele tem uma impressão boa, um papel com uma textura melhor, uma diagramação visualmente bonita, mas e daí? A única coisa que se salva são os passatempos cedidos pelas Revistas COQUETEL. Eles deveriam tirar aquele lixo de horóscopo e as drogas de tirinhas que ninguém lê só para lotar a última página de passatempos. Aí sim ia virar um jornal de utilidade pública! Porque é uma pena que só tenha 2 (sudoku e cruzadas) e pequenos ainda por cima. Aliás, de acordo com essas cruzadas, yakisoba é uma comida japonesa!

Mas sabe qual é realmente o pior de tudo, incluindo esse jornal? Minha cara de pau de vir aqui e perder meu tempo escrevendo esse lixo!

Quero só ver o primeiro filho da puta que vai reclamar do texto meia boca que eu postei. Se não gostou, não me obriguem a postar.

PS: Irmã do Daniel, nós é que deveríamos ter vergonha de divulgar esses textos absurdos! Não tenha vergonha de comentar! (Apesar de eu saber que esse texto, especificamente, não mereça o esforço.)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Fama!

Visitando alguns blogs por aí tenho visto um tema em comum nas discussões entre jovens jornalistas. Trata-se do jornalismo de celebridades. É completamente normal ter ídolos sejam eles músicos, atores, escritores etc. Mas algo que é bem estranho hoje em dia é termos pessoas que são famosas simplesmente por serem famosas, por mais ridículo que isso pareça. Não compreendo o que é admirar uma pessoa sem que ela tenha feito nada de notável ou interessante. Algo que exemplifica isso são os infelizes que participam do Big Brother ou qualquer outro reality show. Seus participantes não são nada para serem admirados ou algo do tipo, mas são apenas por aparecerem na TV diariamente. E geralmente são eles que enchem as páginas da revistas que tratam de celebridades. Entre os jornalistas da área estes ex-bbb’s são conhecidos como famosos de segunda linha, assim como Dado Dolabella, Belo, Viviane Araújo (essa eu não critico), Alexandre Frota (amigo do Leandro) entre outros. Personalidades que estão sempre na Caras, Tititi, Contigo, TV Fama e por aí vai. Não critico as revistas, já que o público é grande, e é isso que os anunciantes procuram. Mas vamos analisar um pouco algumas notícias do jornalismo de celebridades:

Resumo de notícia um pouco velha, mas interessante (?) publicada no portal EGO:

O modelo croata Andrija Bikic, namorado de Ivete Sangalo, foi parar no hospital com desarranjo intestinal após ter comido uma moqueca.
Isso mesmo a diarréia de alguém é notícia agora... Aquela velha frase: “Famoso até quando caga é notícia”, agora sim pode ser dita com firmeza. Bom, eu entendo o jovem croata deve ter o intestino delicado e não agüentou os temperos da culinária baiana, mas, por favor, qual a relevância disso? Quando é com alguém normal todo mundo ri, mas quando é famoso vira notícia e ainda com um tom meio trágico, como se o Bikic aí tivesse passado por algo terrível que nunca nenhum ser humano tivesse experimentado... Eu até imagino aquelas cabeleireiras (nada contra a profissão) discutindo com ressentimento e dó só porque o cagão é namorado da Ivete Sangalo.

Essa aqui é recente é foi publicada no portal Ofuxico:

Filho de Victoria e David Beckham mostra o dedo médio a paparazzi
Nossa! Provável psicopata! Prendam agora antes que seja tarde! Pelo amor de Deus, qual o problema de uma criança mostrar o dedo? O Sato quando pequeno fez coisas muito piores e nem por isso se tornou bandido.

Morre cachorro de Marta Stewart
Parei por aqui!

Não vou continuar porque a última notícia me deixou muito triste, deixou aqui minha solidariedade a dor de Marta Stewart. E quem quiser ler e só entrar nos sites citados acima que você terá esses tipos de notícia aos montes.

Quero dizer que me sinto incomodado com algumas injustiças cometidas pelo Oscar. Hitchcock, Kubrick, Ellen Burstyn, Edward Norton entre outros perderam algumas premiações para obras ou atuações inferiores. Mas nenhuma injustiça foi maior a cometida com o filme “Cinderela Baiana”, estrelado por Carla Perez. O filme não só merecia o prêmio de melhor atriz como o de melhor filme e sem dúvida o de melhor roteiro, segue dialogo extraído do filme para que você possa comprovar a genialidade do roteirista:

Um personagem qualquer do filme pergunta a Carla Perez:
- Você vai participar da seleção amanhã?
E a brilhante atriz responde:
- Seleção? Mas eu não jogo futebol
Então ele responde:
- É que vai ter uma seleção para dançarina principal do show do Pierre

Todos de pé batendo palmas, por favor.

Além do roteiro brilhante o filme possui um elenco de peso. Carla Perez, Alexandre Pires, Lázaro Ramos (pior é que é verdade) entres outros que fazem deste um marco na história cinematográfica, comparável a grandes obras como Laranja Mecânica e Cidadão Kane.
A Carla Perez e Preta Gil são as celebridades mais brilhantes que temos no Brasil. A primeira fez parte de um grupo de sociólogos e filósofos que revolucionaram a sociedade brasileira, o grupo “É o Tchan”. E outra por suas frases sempre muito relevantes que levam a grandes debates em nosso país.

No mar não é bom... É salgado e depois fica ardendo”, Preta Gil tentando revolucionar a vida sexual dos brasileiros.

“Tu é Preta Gil, e não Afro-Descendente Gil”, Preta dessa vez lançando grande discussão sobre racismo.

“Já fiz três plásticas: fiz uma lanternagem básica no capô do fusca que ficou fantástica” Afirmou a filha do ministro, sempre muito irreverente, demonstrando as maravilhas da cirurgia plástica.

“E, quando eu sentei na privada, a perereca pulou na perereca”, Afirmou Preta, ainda traumatizada com este terrível acontecimento.

“A fama eu acho que é a pior coisa do sucesso”, Mais uma frase de Preta Gil, dessa vez filosofando sobre tema de grande relevância.

Não quero torrar a paciência dos leitores deste belo blog, vou deixar vocês com alguns links do melhor filme já feito: Cinderela Baiana. Só mais uma coisa, eu esqueci de citar a melhor apresentadora da TV Brasileira: Iris Stefanelli, do TV Fama, mas vou deixar para escrever sobre suas habilidades num texto futuro! Obrigado!

Primeiro link é do trecho citado anteriormente que mostra a genialidade do roteirista:

http://www.youtube.com/watch?v=L9fu6hA3ypY&feature=related

Este link é da cena de luta mais bem feita do cinema mundial:

http://www.youtube.com/watch?v=2IyzA2wDCnw&feature=related

Este último trata-se do final do filme muito emocionante, onde Carla após demostrar belos valores dança axé com crianças carentes:

http://www.youtube.com/watch?v=6HDvaLOq-6Y&feature=related

Obs: o último link mostra a competência do figurinista

Sim, o jornalismo de celebridades é vital para a existência de todos os seres humanos!

Por Favor, não comente antes de ver os trechos do filme Cinderela Baiana

sexta-feira, 21 de março de 2008

A minha conversa com Alexandre Frota

Como alguns de vocês sabem, sou estudante de jornalismo e tenho o prazer de estagiar na assessoria de imprensa do Sesc Vila Mariana, em São Paulo. Bom, há diversos eventos no Sesc, como teatro, shows, palestras etc. Logo, recebemos centenas de e-mails e telefonemas de jornalistas dos mais diversos veículos. Eis que às 5h e alguns minutos o telefone toca mais uma vez. Eu atendo.

– Sesc Vila Mariana, boa tarde.
– Boa tarde. Eu gostaria de falar com o gerente de marketing.
– Não há gerente de marketing no Sesc.
– Algum responsável pelo marketing, por favor.
– Você ligou para a assessoria de imprensa, posso ajudá-lo em algo?
– Eu produzo alguns programas para a Record, meu nome é Alexandre Frota.


Sim, foi o que você leu, era ele mesmo. Fiquei alguns segundos para processar a informação. Eu não tinha reconhecido o sotaque de ator pornô. Eu, um mero estagiário, falando com um dos ícones da cultura vulgar do nosso país. Será que ele irá me convidar para participar de algum filme? – logo pensei. E o que ele faz na Record? A emissora dos bispos mudou de ramo?


– Você precisa exatamente do quê, senhor Frota?
– Falar com o gerente de marketing.
– Mas aqui não tem área de marketing. Temos a área de comunicação, mas não há nenhum gerente. Do que o senhor precisa?
– Eu quero falar sobre teatro.


Não fui convidado para nenhum filme pornográfico, ainda bem. Mas seria essa uma nova invenção? Teatro pornô? Imagine, você pagar 60 reais e vê tudo de pertinho. Se isso já existe, me desculpe, não sou muito informado nesses assuntos.


– Vou repassar a ligação para o setor do teatro, tudo bem?
– Mas não há nenhum gerente de marketing?
– Não.
– Ah, que pena.
– Aqui é a assessoria de imprensa.
– Tudo bem, me passe para o teatro.


Depois de alguns minutos, comuniquei a ligação à minha chefe.
– Ele te chamou para participar de algum filme?
– Não.
– Ah, que pena.
– Tudo bem, da próxima vez eu me ofereço pra ele, ok?
– Não precisa. Prefiro você como estagiário.
– Ah, que bom.
– Isso aqui tá virando o quê? Só falta agora a Carla Peres ligar.

terça-feira, 11 de março de 2008

Jogando conversa fora

Hoje nós, membros deste excêntrico blog, lembramos que ele existe. A conclusão foi que era a minha vez de atualizar e que a culpa é minha de ele estar criando teias de aranha nos cantos. Putz, do que diabos eu vou falar?, pensei eu. Não estou nem atualizando o MEU blog por falta de assunto.

Sei o que o Daniel vai pensar nesse exato momento: "Esse japonês maldito está fazendo aquelas porcarias de textos metalinguísticos de novo! Eu vou dar um na cara dele!". Calma, meu caro amigo com dor de barriga, não vou não. É só a introdução improvisada, toma um Valium e relaxa o bumbum aí! Falando nisso, quero dizer que fiquei lisonjeado com o texto que ele escreveu sobre meu futuro. Se bem que chegamos a conclusão que serei assessor de imprensa do bar que vende hamburger de 1 real.

Esses dias me chamaram atenção para um fato: eu sou o único que posta coisas sérias aqui. O único texto mais light que fiz foi aquele com a foto do Coringa, sobre pensamentos insanos em momentos inapropriados. Alias, parece que essa coisa de fazer (ou pelo menos querer fazer) coisas absurdas que vão contra o contrato social das pessoas virou uma espécie de ícone nosso. As pessoas lembram da gente quando tem uma idéia parecida, como, por exemplo, ver alguém se jogando nos trilhos do metrô e só conseguir pensar: "Filho da p***! Agora eu vou me atrasar! Tomara que vá pro inferno!".

É engraçado pensar que existe algo que define "nossa personalidade". Mais engraçado ainda é a idéia de que somos associados à insanidade quase sádica. "Neurolistas? Não é aquele blog de gente com manias doentias?"

Com certeza deve ter alguém que pense que o filme favorito de algum de nós é Jogos Mortais. Aliás, o primeiro é muito bom... os outros são completamente dispensáveis. Não, não é meu filme preferido. Prefiro algo mais poético, tipo Superman Returns. Sim, gosto de blockbusters. As pessoas raramente gostam deste filme. Todo mundo espera ação. NÃO É UM FILME DE AÇÃO! É um filme sobre o que faz das pessoas serem o que são. O que deixa cada pessoa forte. O que nos faz superar a dor. Bryan Singer é genial! Nunca vi um filme ruim dele.

Falando em filmes "modinhas", eu não suporto essa coisa de SÓ ver filmes alternativos. "Ai, ontem eu vi um filme da Ucrânia! Muito bom! É sobre um menininho que..." Grande bosta! Também não gosto de só ver filmes nacionais. Pessoalmente os acho umas drogas. "Ai, mostra a realidade do país! Seu besta!" De novo: grande bosta! Eu vivo a realidade todos os dias! Isso não já basta não? Também não entendo essa tara que as pessoas têm pelo Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Admito que não é ruim, mas não é tudo isso que dizem não. É um filme normal. Pseudo-cultismo dos infernos! Opa, dizer "pseudo-cultismo" é muito pseudo-cult. Odeio quem usa a palavra "pseudo". Quer parecer inteligente? Não tente! Nas palavras do grandioso mestre da dor de barriga, Daniel: "Quem é inteligente de verdade não faz questão de mostrar." Prova unânime disso é a Professora Maria Teresa Santoro Dörrenberg, cujo conhecimento simplesmente transborda. Espero não ser processado por citá-la aqui.

Acabei me empolgando. Queria escrever mais. Falei um monte de coisa, mas não disse nada. Ainda estou no nível Neurolista!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O Futuro do Satonás

Estou colocando em prática uma idéia antiga. De criar textos falando de coisas do futuro. Nada muito absurdo é claro. E sempre explorando potencialidades (ou quase).

Notícias do futuro Parte 1

Brasileiro vence Nobel de literatura

Pela segunda vez consecutiva o paulista Jefferson Sato venceu o Nobel de Literatura. A entrega do prêmio ocorreu em Estocolmo, na Suécia, assim como em todos os anos e contou com presença de diversos nomes da ciência, artes e literatura. Sato venceu o prêmio com a sua obra “Memórias de minha Adolescência” superando outros nomes consagrados como Gabriel Garcia Márquez e Doris Lessing. Além do prêmio o brasileiro foi homenageado por ser o primeiro homem a receber a honraria duas vezes seguidas. A cerimônia teve ainda a entrega dos prêmios de física, química e medicina, excetuando o Nobel da paz que ocorre em Oslo.

O evento começou às 21 horas, no horário local. Inicialmente todas as obras concorrentes foram apresentadas pela Academia Sueca Real de Ciências (órgão responsável pelo julgamento do prêmio). O brasileiro se demonstrava visivelmente nervoso. Humilde desde o início, o autor em todas as entrevistas exaltava o talento e a qualidade das obras concorrentes. “Eu na verdade nem sei bem o que estou fazendo aqui. Não me sinto no nível dos outros concorrentes, até porque alguns deles sempre foram parte da minha inspiração. Se vencer será com certeza o melhor momento da minha vida”, disparou Sato.

A obra vencedora conta às lembranças do autor em sua adolescência vivida no bairro da Parada Inglesa, em São Paulo. Definida como a melhor reflexão dos valores contemporâneos por diversos críticos, a obra de Sato conta ainda toda sua trajetória e as grandes dificuldades vividas na faculdade de jornalismo, muito antes de se tornar o profissional premiado de hoje. “Eu ainda guardo os dias vividos na faculdade, sem dúvida muito importantes para minha formação como ser humano”, declarou o autor, claramente emocionado após a entrega do prêmio.

Quando questionado sobre seus próximos passos, o brasileiro afirmou que pretende escrever um livro especialmente para as pessoas que o ajudaram em sua vida, e principalmente aos colegas da época de faculdade, alguns já citados na obra vencedora do Nobel. ”Quero dizer ao mundo o quanto algumas pessoas foram importantes na minha vida. Quem leu o livro já tem essa consciência. Com certeza as piadas, as brincadeiras e as críticas do meu grande amigo Daniel Teles foram muito importantes para que eu tivesse força para viver, pois realmente tive grandes dificuldades na faculdade. Além do saudoso Leandro Machado, que foi quase um irmão pra mim e me ensinou a importância de adquirir conhecimento. Aprendi muito com ele”, finalizou o autor. O brasileiro atualmente é editor-chefe da agência internacional de notícias Reuters e colunista do The New York Times, do Washington Post, ambos americanos e do Le Monde da França.

Podem dar risada, mas lá pra 2020 vocês podem me cobrar. Levarei esse texto pra ser registrado em cartório pra provar que eu já sabia da genialidade do nosso pequeno Tamaguchi comedor de pães de batata.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A misteriosa morte de Mauro Bigode

O Mauro Bigode morava na minha rua. Era bem apanhado, moreno, com um enorme bigode preto no rosto. Quando morreu, tinha por volta dos 50 anos, muito bem vividos, segundo ele. Era um homem tranqüilo, mas que desfrutou diversas aventuras na vida, algumas meio suspeitas, outras, verdadeiras, de fato.

Lembro que o Bigode (vou chamá-lo assim daqui pra frente) fingia ser cego para ganhar uns trocados como esmola no centro de São Paulo. Às terças e quintas ficava na Praça da Sé; segundas e quartas, no Viaduto do Chá.

– Não é bom ficar sempre no mesmo lugar, há um pessoal que desconfia – me disse, certa vez.

– Mas me diga uma coisa, Bigode, aonde você vai às sextas? – perguntei,

– Ah, isso é segredo, moleque.

Bigode era um bêbado contumaz. Não bebia cerveja, pois, para ele, cerveja é coisa de veado. Gostava de pinga mesmo, da braba, com um limãozinho pra adoçar. Várias foram as vezes em que foi aconselhado a parar, mas ele não bebia por vício, e sim para inspirar-se a escrever poemas. Sim, Bigode era poeta.

Mas a história de hoje não é sobre suas poesias, é sobre sua morte.

Como eu já disse anteriormente, era um mistério o que fazia Bigode às sextas-feiras, alguns especulavam que ele saía para beber; outros tinham certeza que eram coisas ilegais; já os mais amigos desconfiavam: Bigode tinha uma amante.

– Que nada, amo minha mulher, rapaz – contra-argumentava ele.

O casamento de Bigode não era a maravilha que se espera de um matrimônio. As brigas eram constantes, as agressões também, das duas partes, é bom que se deixe claro. A esposa de Bigode, Ritinha, era ciumenta demais e, por vezes, batia no marido em função de suas desconfianças.

Os gritos eram ouvidos por toda a vizinhança, as desavenças já haviam se transformado em caso de polícia.

– Se você bater nessa mulher de novo, acabo com a sua raça, rapá – disse um policial, certa vez, em tom de ameaça.

– Que isso, Seu Polícia, ela que me agride – tremendo, Bigode respondeu.

O trabalho de Bigode como cego falso andava muito bem, obrigado. Ganhava dinheiro suficiente para sustentar a casa, e mais algumas extravagâncias. Mas, por vezes, em suas sextas misteriosas, acabava se endividando demais. Fora ameaçado em várias ocasiões, em outras, apanhou mesmo.

Um dia, após chegar bêbado em casa, Bigode e Ritinha brigaram novamente. Agressões rolaram soltas. Os gritos foram ouvidos por todos os moradores da rua. A esposa, Ritinha, esbaforida, saiu de casa aos prantos; levando os filhos (dois) e algumas roupas.

Chegamos ao ponto crucial da história.

Depois da fuga de Ritinha, Bigode, misteriosamente, desapareceu do bairro. Foram muitos os dias sem notícias, nem sequer apareceu para tomar a cachaça sagrada na padaria, ou para escrever seus poemas, sentado em frente à sua casa. Nada.

Após algum tempo, o pessoal da rua sentiu um cheiro estranho vindo da casa do Bigode. Um cheiro forte, lembrando algo estragado. Havia também, ali, uma grande quantidade de moscas, daquelas grandes, sabe? Inexplicável, no início.

Três dias depois, o cheiro continuava forte. Ninguém suportava mais, e o número de moscas aumentava – era preciso uma decisão urgente!

Um velho conhecido da rua, o Paraná, arrombou a porta. O que encontrou o fez vomitar: Bigode estava morto, e seu corpo já em estado de decomposição.

O que ninguém sabe, meus caros, é o porque ou como Bigode morreu. Muitos acreditam em vingança de sua esposa, ou de alguma amante, ou até mesmo de animosidades contraídas em virtude das dívidas. Ou, quem sabe, uma paixão que o deixara deprimido a ponto de se matar. O que todo mundo sabia, na real, é que o cabra apareceu morto e ponto.

Até hoje sua morte é um dos maiores mistérios do bairro. Ninguém conhece o verdadeiro motivo que levou o cego-falso que escrevia poemas bater as botas. A polícia já desistiu do caso por falta de provas ou indícios. Eu, como bom jornalista que sou, tentarei desvendar o caso. Aguarde os próximos textos.

Agora, cabe apenas deixar meus últimos sentimentos ao querido Mauro Bigode e, talvez, com este relato, lembrar um pouco de sua ora poética, ora extravagante vida. Mas ninguém é perfeito, né não?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Neuroses Entre Cursos

Veja o seguinte vídeo:



É provável que muitos de vocês (talvez todos) já tenham visto este comercial.

A idéia original dessa postagem era fortificar alguns pontos que eu havia dito na outra postagem, falando sobre as mentiras dentro do jornalismo. "É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade." Essa propaganda genial é a prova disso. Mas aí me dei conta dessa última frase: A PROPAGANDA é a prova disso.

Sempre houve uma certa rivalidade entre alunos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda. E eu nunca entendi bem o motivo. O comercial acima mostra também o quanto essa briga é tola.

Esta fabulosa propaganda foi bolada por Washington Olivetto e ganhadora diversos prêmios. É considerada uma das 100 melhores de todos os tempos no mundo inteiro. Então o maior publicitário do Brasil bolou um dos mais incríveis comerciais da história... para nós, pobres jornalistas mortais (ainda estou decidindo se somos mais mortais ou pobres).

A verdade é que ambas carreiras têm seus altos e baixos, qualidades e defeitos, loucuras e sanidades. Nós vendemos ao público, através da informação, nossos pontos de vista, opiniões e nossas idéias. Manipulamos o povo (não é um trabalho muito difícil, olha só o governo que temos desde... a proclamação da república... E o povo raramente dá sinal de combater isso, mesmo estando em uma democracia), nós ajudamos a ganhar e perder eleições, nós vendemos as pessoas de quem falamos. E o publicitário também. E nos ajuda a vender nosso jornal. Os dois estão juntos, mesmo não querendo. Jornalismo e Publicidade são artes complexas, belas e divertida. E é preciso destreza e criatividade para mantê-las assim.

Alias, alunos de PP têm minha sincera simpatia. Agora sei que vocês sofrem com todo mundo perguntando: "já viu a propaganda 'X'? E a 'Y'?" e olhando feio quando responde que não. Também vivem perguntando pra nós se vimos a notícia "W" e a "Z". Acham que vocês tem o dever de conhecerem todos os comerciais, assim como acham que nós temos a obrigação de saber de todas as notícias.

Gostaria de saber também por que vocês nos acham sérios. Todos os outros cursos acham o pessoal de Jornalismo muito sério. Até que eu gostaria que fosse verdade!

E para os interessados, há uma outra propaganda da Folha também, da mesma campanha, sobre os presidentes do Brasil, muito boa! Fica aí o link para quem estiver interessado em ver: http://br.youtube.com/watch?v=9XY41etYm0k

Bom, é basicamente isso...

PS: Obrigado ao Leandro, caro companheiro de blog, ao Danilo "Fox", grande amigo e aluno de PP na Cásper Líbero, e às outras pessoas que compartilharam informações sobre o assunto.