quarta-feira, 4 de março de 2009

Crer para que?

Resolvi escrever sobre algo extremamente polêmico: religiões. Desde que eu sou pivete tenho a curiosidade de ir e analisar as mais diferentes delas. Quando eu tinha uns 11 anos acabei freqüentando diversas religiões, eu queria achar uma para seguir. Na verdade em quase todas que fui acabei recebendo broncas e ameaças, apenas porque eu questionava tudo que eles me falavam, diversas vezes recebi como resposta essa frase clássica: “Você não deve ficar fazendo pergunta, apenas ter fé na palavra de Deus. Se ficar perguntando demais irá irritá-lo.” Bom, hoje em dia é óbvio que entendo essa conversinha fiada, mas na época eu realmente ficava nervoso, pois eu queria saber o porquê de acreditar naquilo. Meu professor de história no terceiro ano tinha formação em Filosofia(além de história, claro) pela UFMG e sempre afirmava que as religiões atrofiam o cérebro humano, para ele perdemos a capacidade de questionamento, passamos a aceitar tudo quando nos tornamos religiosos, e que quanto mais o homem estuda mais ele se afasta das religiões. Certa vez quase fui expulso da igreja mórmon porque fiz a serguinte pergunta: “Vocês nunca pararam pra pensar que essa idéia de inferno existe apenas para que vocês fiquem com medo e continuem seguindo na igreja?”. (aposto que o Sato riu depois dessa).

O que me faz sentir repulsa na verdade não são as doutrinas em si, eu sei que todas as religiões estão repletas das mais gritantes contradições, mas o que me incomoda é o fanatismo e o fato de que a esmagadora maioria dos religiosos não consegue ficar sem falar mal das outras crenças, não há respeito. Lembro-me de uma vez que eu perguntei na maior inocência numa igreja evangélica o que eles achavam do Budismo e uma crente fanática (esse tipo aqui é fácil de reconhecer: saia até os tornozelos, pelos nas pernas e nos braços, pele oleosa etc) respondeu que Buda na verdade era a figura do diabo e mais um monte de merda. Eu tinha apenas 11 aninhos na época é lembro que pensei: “Tá, mas e se a crença dela estiver errada e o Budismo certo? Afinal, são tantas crenças no mundo, como vou saber?” Mas como ela já tinha o cérebro atrofiado isso nem passou perto da cabeça dela.

Outra coisa que me irrita é uma pessoa precisar de uma imposição fantasiosa para precisar se manter na linha como alguém honesto, isso na minha opinião é um belo exemplo de falta de caráter. Quem nunca conheceu um belo filho da puta que na igreja é um santinho, comportamento exemplar na frente de todos e no seu dia-a-dia é um sacana, vive fazendo mal para todo mundo. Pense por cinco segundos e você se lembrará de alguém assim. Curioso notar como alguns destes fanáticos colocam suas crenças acima da própria família, tratam seus filhos como merda, apenas insistem que eles sigam a risca os ensinamentos religiosos.

Freud afirmou que elas (religiões) são como neuroses de crianças, ilusões criadas por nós na tentativa de entender aquilo que cientificamente não se pode explicar, e que a maioria delas leva o ser humano aos limites da estupidez. Você achou muito radical essa última afirmação? Agora pense nos conflitos no oriente médio, é sensato fazer guerra, matar milhares de inocentes por causa de uma crença? Certa vez conheci uma mulher que ganhou 5 mil reais na loteria e doou tudo para igreja porque o pastor disse que doando Deus iria lhe dar em dobro, resultado: ela era pobre e vivia num barraco com oito filhos, doou o dinheiro e continua pobre, miserável e passando fome. E o pastor como estará? Será que é tão radical afirmar que leva as pessoas aos limites da estupidez?

Apesar do Brasil ser um país laico, desde muito cedo somos ensinados a crer no cristianismo, então claro que nos sentimos a vontade pra falar mal do judaísmo, do islã, do budismo e etc. Por isso não teria graça aqui se eu não lembrasse de um dos maiores feitos do cristianismo (mais especificamente da igreja católica).

Em 1233 a igreja católica lança a bula Licet ad capiendos que nada mais era que um conjunto de “leis” que estabeleciam que todo cidadão cristão deveria combater e aniquilar crenças divergentes as suas. Como estado e religião se misturavam na época os supostos hereges eram vistos como inimigos da identidade nacional. Mas a salvação era possível ao não-cristão, a igreja com toda sua misericórdia lhe dava a chance de se humilhar em público, renegar sua crença, sendo salvo a partir da aceitação do cristianismo. Agora você realmente acha que um cara que cresceu no judaísmo ou no islã, por exemplo, iria renegar sua crença? Bom, se ele não o fizesse a fogueira era seu destino certo. E isso não apenas acontecia com pessoas de crenças alheias às cristãs como também com cientistas e estudiosos, apenas porque eles pregavam a racionalidade. Claro, você já deve ter percebido que falo do santo tribunal da Inquisição que matou milhares de pessoas em toda a Europa. Curioso é que a igreja católica vive lançando estudos afirmando que a inquisição matou menos do que se pensa. A ciência vê esse período uma enorme perda de conhecimento, pois tudo aquilo que fosse estudado e descoberto que não concordasse com os valores cristãos eram, como eu disse anteriormente, combatidos.

Bom, eu editei esse merda de texto umas três vezes porque ia acabar ofendendo ( se já não o fiz mesmo com ele editado) muita gente, pode perceber que os páragrafos e os argumentos estão meios estranhos em termos de continuidade. Mas é isso aí, viva a racionalidade! Eu tenho certeza que todos os religiosos que leram essa merda estão pensando: “Coitado, ele vai se lembrar disso no inferno.” E eu respondo: “Sim, irei para lá e encontrarei vossos padres e pastores no caminho.” Putz, deve ter uns escritores muito fodas lá, o primeiro que eu quero trocar idéia é o Truman Capote.

Não morri, estive apenas aproveitando minhas férias, mas não esqueci desse amado blog. Prometo ao Sato e ao fag do Leandro que não atraso mais os posts (Claro, claro.)

Só mais uma coisa: Eu acredito em Deus, só acho que não preciso ir num lugar com um monte de idéias fantasiosas para provar isso.