quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Aos 11, o amor é lindo

Pela janela do ônibus da excursão vi o chão levantar com o vento que soprava forte. A poeira cegava os loucos que ali embaixo, na rua, eram tão diferentes de mim: eles eram adultos. Eu tinha onze anos e não sabia nada sobre o amor. (Hoje, com 20, sei menos ainda, mas afinal a questão é outra).

A Jéssica, uma loira bonita, estava sentada em uma poltrona ao lado da minha. Se eu conhecesse o universo naquele momento, diria que era ela, sim, a mais linda garota das galáxias. Como o universo para mim nunca passou de citação, confesso que no planeta daquele ônibus habitado por crianças, a Jéssica roubou meu coração.

Tentei de tudo: conversas idiotas, xaveco, música no ouvido, declarações apaixonadas. Toda a estratégia de conquista que uma criança não conhece. Nada: na viagem inteira a Jéssica insistia em não me querer. É claro que, na altura, eu não ia revelar que nunca tinha beijado, que minha experiência amorosa se resumia a alguns selinhos escondidos na boca de uma outra garota.

O meu amigo Cristiano estava sentado no banco da frente. Ele amava a Thaís, uma outra loira do ônibus. Os dois dividiam a poltrona e conversavam animadamente. O Cristiano era tão desajeitado quanto eu, mas ele já havia beijado, e isso é uma grande comprovação de macheza quando se tem onze anos. Eu precisava ultrapassar aquela barreira, mas a Jéssica continuava me renegando.

Depois de um longo percurso, o Ivan, um outro amigo – que também já tinha beijado – me chamou lá da frente do ônibus. Deixei a Jéssica sozinha, indefesa. Troquei uma ou duas palavras com o Ivan e retornei ao meu lugar. A visão foi aterrorizante – daquelas que sempre retornam em sonhos. O Cristiano estava enlaçado pela Jéssica. Os dois se beijavam apaixonadamente. Eles pareciam um casal de amantes que depois de anos se reencontram em uma estação de trem do interior.

Fiquei chocado. E agora? Eu iria continuar sem beijar até os 40 anos? Talvez me enterrassem em um caixão branco, como aquelas senhoras que morrem virgens. Ninguém me queria, me tornara um fracasso em relacionamentos. Pensei em pular do ônibus e morrer ali mesmo, aos onze, vítima do amor.

De repente, sinto uma mão no meu pescoço. Ela me puxa. Olho para trás: é a Thaís, a outra loira bonita. “Posso te dar um beijo?”, ela pergunta. “Claro”, respondi, confiante. Nossos lábios se grudaram lindamente. O mundo inteiro não sabia como era bom beijar a Thaís. Se me fosse dado o poder, pararia o tempo naqueles segundos. Nem me passava pela cabeça que três minutos antes eu amava a Jéssica.

Quando o ônibus parou perto da nossa escola, a mãe da Thaís já a esperava à porta. As duas foram embora, levando o meu coração na mochila. Resolvi voltar andando para casa, feliz. Numa esquina, encontrei a Jéssica: ela morava na minha rua. Voltaríamos juntos. Andando pela calçada deserta do fim de tarde, conversávamos sobre assuntos banais, como matemática e desenhos animados. Ela era mesmo linda, pena que beijara o meu ex-amigo Cristiano.

O vento bateu forte e os seus loiros cabelos se agitaram. Ela segurou a minha mão num impulso. Não entendi. “Posso te dar um beijo?”, perguntou.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

The Legend of Daniel: Fucking Fuckable Fucked Fuck of the Fuckness Fucker

O senhor Daniel está sempre batendo records. Faz NOVE MESES que ele não atualiza o Neurobosta! Nem ele consegue inventar uma desculpa para isso.

E além de tudo é um traidor! Foi aterrotizar a turma da noite na São Judas. Ficamos dois anos e meio sem que ninguém se transferisse da noite para nossa turma na manhã. Foi só ele trocar de horário que vieram QUATRO! Isso dos que fiquei sabendo, talvez tenha mais.

Então, Daniel, atualize esta porra!!!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Alô, Ricardão?

Nunca fui amante de ninguém. Confesso que já me imaginei escondido dentro de algum guarda-roupa ou participando de uma perseguição de carros, numa mortal disputa pela freada com um marido furioso. Em meus pesadelos mais tensos e intensos, vejo o Leopoldo, o dono dos chifres, espumando de raiva enquanto dirige loucamente atrás de mim.

Nós corremos numa estrada de terra lá nos confins do Alabama, espalhando poeira para todos os lados. De repente, paramos e descemos dos respectivos automóveis. O Leopoldo puxa da cintura o revolver calibre 38. “Te mato, Ricardão!”, diz ele, olhando para mim. “Você pode acabar comigo, mas pelo menos peguei a Bernadete, a sua esposa”, eu digo, me esquivando dos tiros que vieram a seguir.

No sonho, o Leopoldo não me mata, pois sou o amante, o garanhão, o Ricardão, e, com esses atributos, é impossível se dar mal na vida. Infelizmente, meu nome ainda é Leandro e não tenho a ventura de dirigir carros em alta velocidade. Na realidade não sou o rival de nenhum marido, pois geralmente os amantes são musculosos, altos, com cabelos negros e com voz de galã, além de adorarem ouvir músicas espanholas em seus cadilac’s vermelhos. Pois é, uns nascem para amante, outros para o amor.

Eu realmente acreditava que a minha aptidão para plantar chifres em cabeças alheias não passava de sonho até que, na terça-feira, o celular tocou.

– Alô, você é o Leandro? – gritou um homem.
– Sim, pois não?
– Leandro, você conhece a Bernadete?
– Não conheço...Espera aí, lembrei: morena, evangélica, lia Henry Miller, né? Estudamos juntos na 8ª série. Como ela está? – perguntei.
– Então, meu nome é Leopoldo. Sou marido da Bernadete.
– Poxa, que legal. Não sabia que ela era casada.
– Pois é. Só te digo uma coisa: a próxima vez que você sair com a minha esposa, te mato, Leandrão.

Sim, a minha reação foi a mesma que a sua, leitor. Como assim sair com a Bernadete? Há anos não a vejo. Na verdade, não lembrava que ela fez parte da minha vida. Para mim, não passava de uma gaveta escondida no armário da memória. A Bernadete era apenas um pesadelo em uma noite chuvosa. Esse cara deve estar louco, bêbado, drogado ou algo pior.

– Meu amigo Leopoldo, você está enganado. Não vejo a Bernadete desde a época do colégio, há longínquos três anos – eu disse, nervoso.
– Ela me contou tudo, cara. Vocês são amantes faz tempo. Ela está grávida, desconfio que seja sua a criança.
– Espera aí, até pai agora eu sou? Essa mulher te enganou. E sei lá por que envolveu o meu nome no adultério.

O Leopoldo ficou em um silêncio ansioso. Em seguida, desligou o telefone. Talvez tenha ido furar os olhos de ressaca da Bernadete. Incrível, não? Mas juro, juro que não sou o Ricardão da história.

sábado, 26 de setembro de 2009

Para nós, entrar no metrô já é se aventurar

A sensação é de não estar sozinho no mundo. Milhares de pessoas estão ao meu lado, um exército pronto para batalha, todos unidos a um mesmo ideal. De repente, ouço a linda voz da razão: “A faixa amarela é a sua segurança, não a ultrapasse”.

As portas do metrô se abrem e a multidão entra atropelando até o ar. A moça de vermelho quase cai, a cabeça de um engravatado passa a milímetros de um poste de ferro, um casal só se desgruda porque eu, sem querer, me ajeito entre eles. Uma senhora grita, ofendida: “cadê o respeito, meu filho!”. Todos olham para trás, fingindo não ouvir.

Meus braços estão lá em cima, imóveis. Já sinto um gel de cabelo me sujando a camisa. A moça de vermelho coloca uma música eletrônica no celular; ela dança a cabeça: é impossível mexer o corpo. A senhora ofendida levanta a sobrancelha, continua procurando o respeito.

Ainda divido o casal. Através de mim, eles enviam sorrisos e paixões reprimidas. Meus pés doem. Na primeira parada, entra um menino de quatro anos, que vai parar lá perto do meu joelho. O senso comum diz que não cabe mais ninguém ali. As pessoas do lado de fora discordam: entram mais dois infelizes.

O engravatado tenta pegar uma Veja, mas não consegue. O menino começa a chutar minha perna, talvez eu seja uma bola. A garota de vermelho desiste da música eletrônica, coloca Roberto Carlos, O divã. A senhora ofendida abre um sorriso. Ouvindo o tema romântico, o casal ameaça uma briga.

Na segunda parada, desce o engravatado. Pelo vidro, eu o vejo pegar a Veja e sorrir. Feliz, o garoto decide pisar no meu pé. A moça de vermelho e a senhora ofendida agora conversam sobre os anos 60. Formigam os meus braços lá em cima. Quero descer e mudar para o Acre. Lá, o metrô é vazio.

Discutindo o passado, o casal vai embora. Entra vendedor de amendoim: "é um real, senhora, e da melhor qualidade". O menino se interessa e para de me atormentar. A moça de vermelho e a senhora ofendida conversam sobre a Zibia Gasparetto. Eu penso nessas trilhas de aventura: em São Paulo, passamos por elas diariamente e ninguém percebe.

Um segurança se aproxima e toma o amendoim do cara. O menino chora, com a raiva e o desejo escorrendo pelo rosto. A senhora ofendida grita, relembrando o respeito devido ao vendedor, aos trabalhadores, aos aposentados, aos estudantes, aos cronistas e às crianças que gostam de amendoim. O segurança ignora.

Em seguida, a voz da razão diz: “Estação Sé, desembarque pelo lado esquerdo do trem”. Eu, o menino, a senhora ofendida, a moça de vermelho e o cara do amendoim, descemos, satisfeitos. Agora, só me resta sair e encarar outra aventura: o ônibus.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Três luzes de minha estrada

Pessoas aparecem em nossas vidas todos os dias. A maioria de forma leviana, quase insignificantemente: o balconista que te atende na loja, a mulher que senta ao seu lado no ônibus ou a adolescente distraída ouvindo música no fone de ouvido que tromba com você no meio da rua. Há também os colegas do trabalho, da escola, da faculdade, da rua. Ninguém se lembra dessas pessoas minutos após encontrá-las. Mais uma vez nos perdemos em nosso mundo.

Todos esses indivíduos apresentam potencial para protagonizar um acontecimento marcante em alguma vida, o clímax de um filme, um romance em uma relação. E alguns conseguem. Esses marcam sua vida, seu dia e, muitas vezes, são o motivo de você levantar às cinco da manhã e enfrentar o trânsito, a superlotação do trem e a caminhada debaixo da chuva.

Algumas vezes não aparece apenas uma, mas três pessoas. E, como em qualquer outro incidente, aparecem trivialmente em certo momento e pensamos que será só mais um desencontro. Lembro-me de três. Digo que lembro, pois não as vejo com a frequência que mereciam. São garotas, empolgadas com a vida, realmente vivas, bonitas, ousadas, engraçadas e completamente apaixonadas pelo que fazem. Aliás, as conheci antes de começarem a fazer. Seus olhos brilham ainda hoje quando se fala em jornalismo. Nesse momento é possível sentir o prazer que sentem nas palavras, na informação, na comunicação, na pirâmide invertida e na vontade de conhecer mais. É possível ver a aura de um amor incondicional – e é melhor que seja incondicional mesmo, é bom que se diga.

Elas me dão vontade de querer melhorar. Raquel está sempre de cabeça erguida, mesmo quando toda a vida não está. Encara tudo de um ângulo diferente: um melhor. Ana costuma me dar cutucões quando estou deprimido e ela até inventou o Projeto Sato Feliz, sempre acompanhado de uma dancinha realmente ridícula. O engraçado é que funciona: dou muita risada. Tamires é um mistério para mim. Provavelmente por isso é tão gostoso conversar com ela. Aliás, às vezes, quando a escuto filosofar sobre as coisas, acho que ela é um mistério para si mesma também.

É uma pena que meu contato com elas seja tão limitado, pois vê-las vivendo suas vidas e amando o que fazem me lembro de que pessoas incríveis estão por aí, o tempo todo e em qualquer lugar. Preste mais atenção a quem está ao seu redor. Cumprimente-as, sorria para elas, seja gentil. Você pode encontrar algumas das luzes de sua estrada: justamente as que faltavam para que perceba aonde deve ir.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Raimundo, o pombo sem dedos

Raimundo olhou para o céu cinza. Como não havia mais nada a fazer, pensou: “hoje não é um bom dia para voar”. O vento leste ia devagar, quase parando; as andorinhas, as únicas no ar, chamavam a chuva temida, tão temida chuva. Os aviões, seres mecânicos, deslizavam inalcançáveis lá em cima, mas a uma turbulência do chão. Definitivamente, o céu não estava para os seres alados, constatou Raimundo.

Raimundo é um pombo. Voa pelo mundo, mas não é rima nem solução. Não é um pombo qualquer, desses imundos, é apenas Raimundo, o pombo, branco como a paz. Senhor de todos os sete céus, telhados e barraquinhas de hot dog.

Raimundo é nordestino, mas veio para São Paulo na boleia de um caminhão. Hoje mora na Praça Silvio Romero, no Tatuapé. Raimundo é recordista em bater recordes: é o primeiro pombo a atingir a marca de 200 grãos de milhos comidos em um único minuto; é o pombo com o melhor arranque quando chutado por ser humano; é líder mundial em lançamento de coco.

Acontece que Raimundo está doente. Não que ele vá morrer tão logo, longe disso, mas é grave, sim, o enfermo do pombo. Raimundo contraiu o mais temido vírus da comunidade pombiana: o VCD (Vírus Cai o Dedo). Sim, após contrai-lo, o animal perde todos os seus dedos do pé. Sem dó nem piedade. “Essa doença é muito comum hoje em dia”, disse Raimundo em entrevista por e-mail. Depois, pergunta: “você nunca reparou na quantidade de pombos sem dedos?”

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o VCD já atinge cerca de um terço de todo os pombos e pombas do planeta. Foram perdidos aproximadamente três milhões e meio de dedos. Um verdadeiro desperdício, se pensarmos nos direitos humanos.

“Para onde vão esses dedos todos? Para o lixo, é claro. Não há nenhum sistema de reciclagem e reaproveitamento para esse material”, diz Analisa Rosa, coordenadora da Organização Não-Governamental Dedo Vivo.

A depressão pós-dedo caído é outro problema levantado pelos defensores da comunidade pombiana. Afinal, dizem os especialistas, perder um dedo não é fácil, perder todos, pior. “Como andar? Como levantar vôo? E para comer os milhos do chão?”, questiona Raimundo, infeliz.

“Sabe, nós sofremos preconceito por parte dos outros pombos, os saudáveis”, diz Angelina, pomba há cinco anos, sem dedo há seis meses.

Com os machos, o preconceito é ainda maior. Dificilmente alguma fêmea se interessa por um pombo sem dedo. Não é metonímia, mas o dedo representa o todo. “Sem um dedo, pombos perdem a virilidade”, argumenta B.C., pomba menor de idade.

Raimundo não acredita nisso. “Sou tão bom de cama quanto antes”, confirma. No caso dessa doença, a confiança é muito importante. Por isso, Raimundo voa sem os dedos, mas com o orgulho pendurado nas asas. “Eu sou bom, cara...se alguém quiser, viro até Presidente da República”.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Paraná Siqueira, o palhaço

Paraná Siqueira era um palhaço. Tinha boca de palhaço, nariz de palhaço, olhos de palhaço. Tinha um palhaço como profissão há pelo menos 20 anos. Era um palhaço, não há dúvidas. Palhaço, palhaço, palhaço! Dos engraçados, é bom que se diga, afinal há aqueles sem graça. Palhaço! Silêncio Total, aí vem o palhaço Paraná! Do Paraná para o mundo das palhaçadas.

Durante duas décadas Paraná se vestiu como palhaço, brincou como um palhaço, pulou, cantou, deu cambalhota como um autêntico e tradicional palhaço. Se é que podemos dar a alcunha de tradicional a esse personagem tão singular; autêntico, sim, todos são, por dever do ofício, talvez.

Acontece que Paraná Siqueira não vivia como palhaço. A diferença era clara: um era outro, mas o outro não era o um. Há atores que dizem encarnar na vida real os seus personagens fictícios: adquire-se os hábitos, o jeito de falar, de se mexer, as boas e más maneiras, às vezes, até a personalidade. Paraná não passou por isso. Seu palhaço era um, ele, outro. Não pensava em piadas o tempo inteiro, não era engraçado quando comprava o pão na padaria, muito menos quando o acordavam às 6h15 da madrugada.

Paraná não era um palhaço quando bebia como um alcoólatra, muito menos era um palhaço nos 30 cigarros que fumava diariamente, nos muitos dias da depressão sem fim, nas muitas brigas com a esposa. Paraná não foi um palhaço quando bateu na esposa. Paraná não foi, de maneira alguma, um palhaço quando perdeu a sua perna esquerda em virtude de uma trombose.

“Quando eu ainda atuava, era o melhor palhaço de todos os palhaços do mundo das palhaçadas”, lembra, com o orgulho lhe saindo pelos olhos e pela boca, já com pouquíssimos e amarelados dentes.

Paraná frequentava festas infantis. Esse era o seu ganha pão: animar crianças. Aliás, não ganhava só pão, como também brigadeiros, beijinhos, bolos de aniversário e refrigerante de laranja, o que ele mais gostava. “O problema é que depois das festas, eu ia para o bar e a bebida consumia tudo: o dinheiro, o corpo, a consciência, Eu bebia até perder a graça”, lamenta Paraná.

Um dia, o palhaço Paraná apareceu em uma mais uma festa infantil. Pulou, cantou, contou piada, caiu, bateu com a cabeça na parede e nada: ninguém riu. Nem o mais constrangido dos sorrisos pôde ser visto em meio à plateia juvenil. “Hoje não estou engraçado”, pensou, lembrando dos humoristas, que, às vezes, deixam a graça lhes escapulir pelos ares, mas logo conseguem recuperá-la.

Mas não era apenas naquele dia. O palhaço de Paraná havia arrombado a porta, pulado o muro e corrido pela rua vazia. Havia fugido de Paraná para talvez encontrar outro infeliz que queira ser palhaço por 20 anos. Onde mora um palhaço? No circo, talvez, nas festas infantis, quem sabe? “O palhaço mora no coração”, responde Paraná Siqueira.

terça-feira, 5 de maio de 2009

A arte milenar oriental de fazer nada

Não importa todas as maravilhas criadas pela civilização humana ao longo dos anos. Desde a primeira lança até o computador que frita hambúrgueres, tira leite de vaca, luta boxe e ainda, pasme, armazena seus arquivos digitais. Também não importa a arquitetura, as pinturas, as esculturas, as músicas, a literatura e tudo que há de mais incrível e belo que já foi feito pelo homem. Absolutamente nada me impressiona mais do que uma pessoa fazendo nada. Na verdade, não há nada mais criativo do que fazer nada! Grande parte das mais fabulosas criações humanas, sejam elas tecnológicas, artísticas ou qualquer outra, surgiram porque alguém, em algum momento, morreu de tédio.

Considero-me um bom ocioso. Quanto menos coisas tenho para fazer, melhor me sinto. Claro que o tédio cansa, mas ainda o considero muito melhor do que o estresse da correria, das datas de entrega de trabalhos, dos compromissos e outras coisas chatas do mundo moderno. Isso me lembra o ano de 2005, quando não estudava nem trabalhava. Sim, era um vagabundo assumido. E tenho que dizer: foi demais! Passei o ano inteiro com tédio, mas todo dia que acordava tarde e pensava: "não tenho dever nenhum para com a porcaria da sociedade". Sentia que ia explodir de alegria. Foi quando me dediquei a aprender guitarra, montei minha banda, escrevi músicas, conheci lugares aleatórios pela cidade, fiz amizades, aprendi coisas, testei coisas, me conheci melhor e por aí vai.

Mas o que precisa ser entendido é que a arte de fazer nada não se limita simplesmente a... fazer nada. A questão é como fazer nada, porque "nada" é alguma coisa! Confuso? É o seguinte: ninguém fica estático por várias horas, isso é estupidez, então as pessoas normalmente fazem alguma coisa. Por exemplo: esses dias passei a tarde inteira e um pedaço da noite sentado em uma escada na avenida Paulista conversando. Foi a coisa mais legal que fiz e ainda vou fazer em muito tempo! Gosto muito de sentar e conversar durante horas sobre qualquer coisa em qualquer lugar, porque é quando você passa a limpo assuntos, se aproxima das pessoas, tem idéias e mais um monte de outras coisas. E nessas horas, quase sempre, a pessoa acompanhante vai apontar o dedo para um lado e dizer "quer descobrir o que tem lá?" E eu, pelo menos em 95% das vezes, digo "claro". Gosto muito de conhecer lugares, mesmo os que parecem mais banais.

Em alguns dias durante as futuras férias, porque não vai dar para fazer em apenas um, quero sair com quem mais estiver disposto e visitar a última estação de todas as linhas do Metrô e dos trens da CPTM aqui em São Paulo só para ver o que tem lá e voltar. Vai ser muito chato, vou adorar isso! E vai virar uma lembrança muito boa! Quem sabe o que mais pode sair dessa aventura? É justamente essa pergunta que você tem que se fazer quando está entediado e procurando se ocupar. Desde que não quebre a integridade de seus valores, aceite qualquer proposta! Nunca subestime um programa, por mais chato ou bobo que possa parecer, porque pode ser exatamente o que você precisa e nem sabe.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Crer para que?

Resolvi escrever sobre algo extremamente polêmico: religiões. Desde que eu sou pivete tenho a curiosidade de ir e analisar as mais diferentes delas. Quando eu tinha uns 11 anos acabei freqüentando diversas religiões, eu queria achar uma para seguir. Na verdade em quase todas que fui acabei recebendo broncas e ameaças, apenas porque eu questionava tudo que eles me falavam, diversas vezes recebi como resposta essa frase clássica: “Você não deve ficar fazendo pergunta, apenas ter fé na palavra de Deus. Se ficar perguntando demais irá irritá-lo.” Bom, hoje em dia é óbvio que entendo essa conversinha fiada, mas na época eu realmente ficava nervoso, pois eu queria saber o porquê de acreditar naquilo. Meu professor de história no terceiro ano tinha formação em Filosofia(além de história, claro) pela UFMG e sempre afirmava que as religiões atrofiam o cérebro humano, para ele perdemos a capacidade de questionamento, passamos a aceitar tudo quando nos tornamos religiosos, e que quanto mais o homem estuda mais ele se afasta das religiões. Certa vez quase fui expulso da igreja mórmon porque fiz a serguinte pergunta: “Vocês nunca pararam pra pensar que essa idéia de inferno existe apenas para que vocês fiquem com medo e continuem seguindo na igreja?”. (aposto que o Sato riu depois dessa).

O que me faz sentir repulsa na verdade não são as doutrinas em si, eu sei que todas as religiões estão repletas das mais gritantes contradições, mas o que me incomoda é o fanatismo e o fato de que a esmagadora maioria dos religiosos não consegue ficar sem falar mal das outras crenças, não há respeito. Lembro-me de uma vez que eu perguntei na maior inocência numa igreja evangélica o que eles achavam do Budismo e uma crente fanática (esse tipo aqui é fácil de reconhecer: saia até os tornozelos, pelos nas pernas e nos braços, pele oleosa etc) respondeu que Buda na verdade era a figura do diabo e mais um monte de merda. Eu tinha apenas 11 aninhos na época é lembro que pensei: “Tá, mas e se a crença dela estiver errada e o Budismo certo? Afinal, são tantas crenças no mundo, como vou saber?” Mas como ela já tinha o cérebro atrofiado isso nem passou perto da cabeça dela.

Outra coisa que me irrita é uma pessoa precisar de uma imposição fantasiosa para precisar se manter na linha como alguém honesto, isso na minha opinião é um belo exemplo de falta de caráter. Quem nunca conheceu um belo filho da puta que na igreja é um santinho, comportamento exemplar na frente de todos e no seu dia-a-dia é um sacana, vive fazendo mal para todo mundo. Pense por cinco segundos e você se lembrará de alguém assim. Curioso notar como alguns destes fanáticos colocam suas crenças acima da própria família, tratam seus filhos como merda, apenas insistem que eles sigam a risca os ensinamentos religiosos.

Freud afirmou que elas (religiões) são como neuroses de crianças, ilusões criadas por nós na tentativa de entender aquilo que cientificamente não se pode explicar, e que a maioria delas leva o ser humano aos limites da estupidez. Você achou muito radical essa última afirmação? Agora pense nos conflitos no oriente médio, é sensato fazer guerra, matar milhares de inocentes por causa de uma crença? Certa vez conheci uma mulher que ganhou 5 mil reais na loteria e doou tudo para igreja porque o pastor disse que doando Deus iria lhe dar em dobro, resultado: ela era pobre e vivia num barraco com oito filhos, doou o dinheiro e continua pobre, miserável e passando fome. E o pastor como estará? Será que é tão radical afirmar que leva as pessoas aos limites da estupidez?

Apesar do Brasil ser um país laico, desde muito cedo somos ensinados a crer no cristianismo, então claro que nos sentimos a vontade pra falar mal do judaísmo, do islã, do budismo e etc. Por isso não teria graça aqui se eu não lembrasse de um dos maiores feitos do cristianismo (mais especificamente da igreja católica).

Em 1233 a igreja católica lança a bula Licet ad capiendos que nada mais era que um conjunto de “leis” que estabeleciam que todo cidadão cristão deveria combater e aniquilar crenças divergentes as suas. Como estado e religião se misturavam na época os supostos hereges eram vistos como inimigos da identidade nacional. Mas a salvação era possível ao não-cristão, a igreja com toda sua misericórdia lhe dava a chance de se humilhar em público, renegar sua crença, sendo salvo a partir da aceitação do cristianismo. Agora você realmente acha que um cara que cresceu no judaísmo ou no islã, por exemplo, iria renegar sua crença? Bom, se ele não o fizesse a fogueira era seu destino certo. E isso não apenas acontecia com pessoas de crenças alheias às cristãs como também com cientistas e estudiosos, apenas porque eles pregavam a racionalidade. Claro, você já deve ter percebido que falo do santo tribunal da Inquisição que matou milhares de pessoas em toda a Europa. Curioso é que a igreja católica vive lançando estudos afirmando que a inquisição matou menos do que se pensa. A ciência vê esse período uma enorme perda de conhecimento, pois tudo aquilo que fosse estudado e descoberto que não concordasse com os valores cristãos eram, como eu disse anteriormente, combatidos.

Bom, eu editei esse merda de texto umas três vezes porque ia acabar ofendendo ( se já não o fiz mesmo com ele editado) muita gente, pode perceber que os páragrafos e os argumentos estão meios estranhos em termos de continuidade. Mas é isso aí, viva a racionalidade! Eu tenho certeza que todos os religiosos que leram essa merda estão pensando: “Coitado, ele vai se lembrar disso no inferno.” E eu respondo: “Sim, irei para lá e encontrarei vossos padres e pastores no caminho.” Putz, deve ter uns escritores muito fodas lá, o primeiro que eu quero trocar idéia é o Truman Capote.

Não morri, estive apenas aproveitando minhas férias, mas não esqueci desse amado blog. Prometo ao Sato e ao fag do Leandro que não atraso mais os posts (Claro, claro.)

Só mais uma coisa: Eu acredito em Deus, só acho que não preciso ir num lugar com um monte de idéias fantasiosas para provar isso.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

The Legend Of Daniel


Daniel, atualize esta porra AGORA!!!!!!!!



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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Crônica de um assalto excêntrico

Eu só tinha vivido dois momentos realmente perigosos nos últimos 19 anos: quando um carro passou por cima dos meus pés e o dia em que uma pedra perdida acertou a janela do ônibus onde eu estava. Eis que, depois de meses de sossego e muita água de coco bebida, eu ouço a seguinte frase:

– Passa o celular, mano. Isso é um assalto.

Não é que eu achasse o momento inadequado para o pedido em questão, mas, convenhamos, assaltar uma pessoa às 18h30 é algo esquisito, ainda mais se for em frente ao cemitério perto da minha casa. Não combina. Assaltos acontecem à noite, em ruas desertas, sujas, com música de suspense no fundo, e não em locais como a rua do cemitério.

– Que isso, mano, o celular não – eu falei tentando convencer o ladrão.

E eu me orgulhava de poder dizer que sou um dos poucos paulistanos nunca assaltados. Nunca me apontaram uma arma, muito menos uma faca ou objeto cortante. Não tive a oportunidade de participar de nenhum sequestro (relâmpago ou não), nenhuma perseguição com carros, assaltos a bancos, tiroteios no Velho Oeste. Nada. No português vulgar, eu era virgem pra essas coisas.

– Passa o celular, mano, ou então vou te meter bala, tá ligado? – ele disse, me mostrando a arma por debaixo da camisa. – Vamos andando porque vem gente aí, no caminho você me passa o celular – sugeriu.

Andamos então. E nesse momento, toda a filosofia de Jack Bauer entrou na minha cabeça. “E se eu fugir? Sair correndo, sei lá. Geralmente esses bandidos são ruins de pontaria, ele não vai me acertar. Eu posso pular o muro do cemitério E se ele me matar? Aí danou-se, mas já estando no cemitério, não tem problema, fico por lá mesmo; é só enterrar.”

– Você é roqueiro, mano? – me perguntou o ladrão enquanto andávamos.
– Não.
– E essas roupas aí? – indagou. Eu vestia uma mísera camisa pólo, uma calça jeans e um All Star velho.
– Nem sou roqueiro, cara, mas curto o som sim.

Fomos andando, andando... E o papo nos deixando quase íntimos. Nada de ele pegar o celular. O bandido até me fez uma confissão:
– Mano, eu nem curto roubar, tá ligado? Minha parada é traficar.
– Entendo.

Eu queria acabar com tudo logo. “Me assalta de vez, porra. Leva a merda do celular embora. Deixa eu sair daqui, pegar o ônibus e beber uma cerveja em paz. Que merda, não sou psicólogo de ladrão”.

– E aí, você tá indo aonde? – ele perguntou.
– Encontrar a minha mina. – na verdade, eu ia sair com o Sato e com a Tati, mas achei que “sair com a mina” era mais apropriado para o momento.
– Ah, é? Mano, você é gente boa. Nem vou levar seu celular, tá ligado? Me dá um dinheiro aí, porque eu sei que você tem, e eu vou embora.

Eu, um pobre coitado, tinha vinte reais no bolso. Estava contado para as despesas da noite. Mas é melhor dar vinte do que perder o celular. Entreguei a nota para ele.

– Aí, mano, não é pra correr atrás de mim. Senão te meto bala, tá ligado?
– Tô ligado.
– Cara, você é firmeza. Quer saber, vamo ali no bar e a gente troca essa nota de vinte. Cada um fica com dez, beleza? – disse.

O cara me assalta e ainda quer me dar o troco? Que estranho. Os assaltantes estão mudando. Culpa da crise, talvez. Falta dinheiro circulando, o crédito diminuiu, as empresas estão demitindo. A marolinha virou tsunami, até os bandidos estão sentindo os impactos. Temos que dividir o nosso dinheiro para um longo inverno, como dizem por aí os políticos.

Ah, no final ele não trocou o dinheiro por medo do dono do bar o reconhecer. Quanta insegurança, não é? Apertou a minha mão e foi embora. Pobre ladrão, talvez ele só quisesse conversar.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Flerte

O senhor Leandro e eu saímos ontem e, conversando sobre isso em vários momentos, chegamos à conclusão de que todo mundo tem um momento parecido com esse: você e mais alguém estão andando na rua e duas pessoas (duas garotas, em nosso caso) vêm na direção oposta. Elas olham para vocês, dão um sorriso. Vocês olham para elas, dão um sorriso. Elas dizem "hey, guys", em inglês mesmo, e passam reto. Vocês olham para trás. Elas não olham para trás. Vocês pensam, em inglês: "What the fuck...?"

A cena de exemplo foi apenas uma variável desse tipo de momento. O que importa nesses casos é o seguinte: eles terminam aí. Acabou! Foi a flertada* mais rápida que você já deu na sua vida, só pela graça de dar! Aí você pensa "poxa, será que eu deveria ter voltado para falar com a pessoa?" Não! Não deveria, porque é para acabar nisso e se você voltasse, não ia ser diferente! Essa é a graça desses momentos: eles não significam nada! Todo mundo já falou alguma merda para alguém no meio da rua, só por falar, e foi embora! Só dói não saber o que a pessoa ficou pensando depois disso. Talvez essa tenha sido a gota d'água na vida dela e por isso tenha se matado, por sua causa, e você nem descobriu!

* Com o perdão do uso do verbo "flertar", mas é uma ótima palavra!

Pois bem. Flertar é algo que, muitas e muitas vezes, existe pelo mero prazer da caçada. E em uma de nossas conversas ontem, cheguei à conclusão de que é mesmo! Por exemplo: há um cara, ele está no maior papo com a menina, linda, inteligente, corpo de dar inveja em um monte de mulher, dando o maior mole para ele. Só o que falta é a ação final, aquela que vai selar o pacto, o motivo de toda essa caçada. Ele levanta e diz, com um sorriso inocente de quem não sabe o que está fazendo no rosto: "Beleza, você é legal. Estou indo, tchau." E vai embora!** É como caçar um urso só para provar que você consegue! No fim das contas, você nem o mata. Só o machuca muito.

** A história, aliás, é verídica.

Outro exemplo bom é a vontade de querer ser difícil com uma mulher maravilhosa, aquelas princesas européias de filmes que se passam no século XVI. Há quem diga que isso é impossível. Não é impossível... Mas o cara tem que ter a carne de aço! Mas você vai dizer que é a mesma coisa do exemplo anterior. Não, não é! Antes, a idéia era ver até onde ele chegava, agora é ver até onde ELA aguenta! Infelizmente, não conheço uma história real para citar neste caso. Ninguém teve coragem o bastante para tentar ou, então, não teve coragem o bastante para contar.

Que tal isso: você está numa balada, ou seja lá o que for com música, e tem gente dançando. Uma pessoa está lá, sozinha, no meio da pista, aproveitando a noite como pode, você está na sua, também sozinho(a). Ela te olha e pensa que você deveria se juntar a ela, por que não? Você pensa que você deveria se juntar a ela também, por que não? Porque não! Você quer fazer experimentos sádicos com os sentimentos dela, com a mente dela! Por quê? Porque é divertido! Você sabe que consegue ficar com aquela pessoa, mas a questão é: será que ela sabe disso também? Há, então vamos testar, porque somos todos muito malvados!

Então, da próxima vez que você sair para caçar, lembre-se do que leu aqui e tenha em mente de que a caça pode te enganar e pegar você! ^^

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Crônica de um final de namoro

Eu, um rapaz ingênuo, imaginava o término de um namoro como algo semelhante ao tsunami, mas não: está mais para uma chuvinha ali no Aricanduva. Alaga, arrasta os móveis, suja o chão, deixa a sensação de tudo perdido, mas, com o tempo, é tudo reconstruído para o próximo temporal.

Acabar um relacionamento, meu caro amigo, tem três fases, na minha humilde (e não muito experiente) opinião: o período da “Fossa Generalizada”, o “Foda-se” e o da “Triste Solidão”. Explico:

Fossa Generalizada: é aquele estágio logo após o desastre. Você acabou de terminar o namoro e tudo te lembra a pessoa: o tênis verde que vocês compraram juntos, os momentos felizes naquele parquinho de diversão, algum filme romântico do Kevin Costner etc. Qualquer coisa, mesmo sem relação alguma com o namoro. É nessa fase que você pensa em se matar, se jogar na frente do metrô, cortar os pulsos, entrar na câmara de gás. Mas o pior é que a vontade de se matar não é tão simples: o suicídio deve acontecer na frente da pessoa que te abandonou, para ela ver como você está sofrendo. Porra!

Foda-se: o nome já diz tudo. Ela não me quer: foda-se. Ela arranjou outro: foda-se. Foda-se a família dela. Foda-se os amigos dela, os planos. Foda-se tudo e todos. Ela nem era tão bonita assim, tinha aquelas espinhas horríveis. Eu vou embora comprar um hambúrguer, isso sim. Eu encontro outra, cara. Existem três bilhões de mulheres no mundo. Quem ela pensa que é? Foda-se!

Triste Solidão: é quando você se dá conta que acabou mesmo: a pessoa não vai voltar, vocês não vão se ver mais, nem conversar. É o fim, cara. Aì bate a solidão. Ah, era tão bom namorar, curtir juntos... agora eu estou aqui sozinho, olhando para o computador, ouvindo Los Hermanos sem ninguém para cantar comigo. E nesse momento você percebe as pessoas te olhando e comentando: “Olha lá, não é aquele garoto que terminou o namoro?”.


Depois desses estágios você já estará livre para encontrar um novo amor, uma nova paixão arrebatadora, alguém com quem dividir a escova de dentes. Mas, infelizmente, tudo isso vai acabar também, te deixando deprimido, fodido e triste. A vida é assim mesmo.