sábado, 10 de maio de 2008

Aos amigos que não se encontram

Sabe aquele amigo que você não vê há algum tempo? Aquele mesmo que você nem pensa mais, mas quando sonha com ele, ainda ouve a voz exatamente como era. Ou que quando você come “baião de dois”, lembra: “A mãe daquele meu amigo fazia um maravilhoso”.

Sabe aquele amigo que jogava futebol com você? O que ganhou com você campeonatos, troféus; é ele: vocês faziam as melhores tabelas, os melhores passes. Você era são-paulino, ele, corintiano, mas os dois não discutiam sobre isso. Futebol estava abaixo da amizade de vocês.

Você lembra daquele amigo que uma vez jogou “Donkey Kong 3” com você? Vocês não conseguiam passar a fase da aranha. Mas depois de umas quatro horas finalmente chegaram ao final; aí você disse: “Porra, que difícil.”, e ele respondeu: “Eu não achei muito, não”.

Sabe aquele seu amigo que certa vez decidiu não ir a uma excursão no ônibus da escola? Ele queria ir sozinho. Você foi com ele, é claro; afinal, eram amigos. Detalhe: vocês tinham onze anos e não sabiam chegar ao lugar, mas foram mesmo assim. Vocês se perderam.

E você lembra quando você e seu amigo gostavam da mesma garota? Você a desejava, é claro, mas não ficava com ela para não magoar o seu amigo. Aí, um dia, ele a beijou, mas você não ficou triste; simplesmente olhou para outra garota e disse: “Posso gostar de você?”

E quando o seu amigo olhou para você e disse: “Você é o meu melhor amigo”, lembra disso? E você retribuiu: “Você é tão meu amigo quanto eu gostaria que meu melhor amigo fosse”. Ele achou estranho, mas no fundo sabia que você era chegado em frases diferentes.

E aquele amigo que brigou com você sem motivo, você lembra? Isso, é ele mesmo; vocês ficaram três anos sem se falar, estudando na mesma sala, um do lado do outro, fazendo parte da mesma turma. Sim, você não falou com ele, não trocaram nenhuma palavra nos três anos, mas todo mundo sabia que os dois morriam de vontade de voltarem a conversar.

E foi assim o final: ele mudou de escola. Você mudou para outra diferente. Voltaram a se falar, finalmente. Pelo Orkut. Viva o Orkut! Mas não passou disso, infelizmente. Maldito Orkut! Ele agora mudou para o interior, só às vezes vem para São Paulo.

É, mas agora você lembrou dele, não é? Não é apenas mais uma fotinha na sua página inicial do Orkut. Você lembrou! Parabéns!

Mas vocês se reencontraram um dia desses no metrô. Já fazia quatro anos que não se viam, né? E o que aconteceu? Sobre o que conversaram? Foi como antigamente? Marcaram de sair para beber uma cerveja?

Não, né? Nada disso aconteceu. Deram aquele “oi” obrigatório e só. Ele foi para o lado dele, você para o seu. E foi isso. E agora, nós – sim, nós; eu, você e nossos melhores amigos – pensamos: “É o pior fim para uma amizade.”

sábado, 3 de maio de 2008

Jornal Grátis: o futuro da ignorância

Pessoalmente, sou da seguinte filosofia: se não tem o que falar, fique calado. Mas já que insistem em manter essa porcaria de "ordem de postagem", aí vai um texto que ia para o meu blog, mas é tão horrível que eu desisti de fazer isso. Portanto mereceu vir para cá.

Ao chegar na faculdade uns tempos atrás, recebi um exemplar do jornal Metro, como de costume. A diferença é que dessa vez ele tinha uma "sobrecapa", com um gigantesco mapa e um desenho de um pino apontando na rua Taquari e escrito "Você está aqui". Cheguei a conclusão de que essa é a informação mais útil que eu já vi nesse jornal, mesmo que fosse só um pretexto para, no verso, ter uma propaganda da Nokia e seus celulares com GPS. Não preciso dizer que comecei a rir sozinho feito um maníaco, né?

Há sempre um monte de informações inúteis aqui. Por exemplo o cara que foi preso por roubar uma garrafa de pinga (que custa R$1,50), ou uma notícia dizendo que o consumo do champanhe dobrou em 2007. É, isso sim vai mudar minha vida. "68% dos prefeitos de SP são investigados". Só 68? Que pouco! Essa aqui é muito boa também: "Ladrão não sabia que casa era de ministro". E DAÍ? E que tal as previsões meteorológicas que nunca estão certas? Há um mês tomei uma puta chuva por causa desse lixo de jornal. Tempo nublado sem chuvas é o caramba! Isso tirando as outras notas. Por exemplo: todo dia tem uma notinha falando de quantos morreram no dia anterior lá no Oriente Médio, com ataques, homens-bomba... o de sempre...

Uma vez cheguei a me deparar com "Collor pede perdão por confisco de 90", com uma declaração do próprio almofadinha: "Peço desculpas, porque não era meu desejo causar esse tipo de sentimento na classe média brasileira". Claro, que bom que não era tarde demais pra pedir desculpas.

Não importa que digam que este é, provavelmente, o melhor jornal de distribuição gratuita atualmente. Isso não impede ele de ser uma completa droga. Claro que não no nível do MetrôNews e a Zeca-feira (lembram desse lixo? A modinha já passou). Tá, ele tem uma impressão boa, um papel com uma textura melhor, uma diagramação visualmente bonita, mas e daí? A única coisa que se salva são os passatempos cedidos pelas Revistas COQUETEL. Eles deveriam tirar aquele lixo de horóscopo e as drogas de tirinhas que ninguém lê só para lotar a última página de passatempos. Aí sim ia virar um jornal de utilidade pública! Porque é uma pena que só tenha 2 (sudoku e cruzadas) e pequenos ainda por cima. Aliás, de acordo com essas cruzadas, yakisoba é uma comida japonesa!

Mas sabe qual é realmente o pior de tudo, incluindo esse jornal? Minha cara de pau de vir aqui e perder meu tempo escrevendo esse lixo!

Quero só ver o primeiro filho da puta que vai reclamar do texto meia boca que eu postei. Se não gostou, não me obriguem a postar.

PS: Irmã do Daniel, nós é que deveríamos ter vergonha de divulgar esses textos absurdos! Não tenha vergonha de comentar! (Apesar de eu saber que esse texto, especificamente, não mereça o esforço.)