sábado, 24 de novembro de 2007

Vi o Beto Bruno e não gritei

Após a dor de barriga do Daniel...


Se você procura diversão, vá para a Augusta! Para um jovem bêbado ou que e queira tornar-se um é o lugar ideal. Pegue o metrô, desça na Consolação, e boa viagem! Conheça tudo, repare em tudo. Seja feliz. Ou não.

Não deixe de aproveitar o que ela tem de melhor: os botecos! Beber na Augusta é diferente, é mais saboroso, mais excitante. E o bom de beber (se é que isso existe) é a conversa, o bate-papo com os amigos, e amigos de momento. Falar de futebol com o balconista, comentar política (?) com o punk ali sentado, pegar um papel no lixo para uma Marina qualquer. As amizades de bar são eternas. Eternas enquanto duram.

Depois da demorada introdução, vamos logo à história.

Andando na Augusta, em meio a prostitutas, bêbados, indies, punks, policiais, mendigos, e alguns seres não identificados, cheguei ao Inferno. Não se assuste, não virei refém de um travesti, nem apanhei de um careca qualquer. O Inferno é uma casa de shows. Muito famosa, inclusive.

Entrei para ver o espetáculo. Como sempre, a banda demorou para subir ao palco. Aliás, essa é a parte chata de todos os shows: ter que agüentar a discotecagem. E o Inferno faz questão de tornar a espera pior ainda, pois, querendo ser alternativo, passa dos limites. Deus sabe como sofro ouvindo aquilo. Que horror.

Duas horas depois, finalmente levantei para ver a banda. Os Faichecleres! Aqueles guris de Curitiba conseguiram conquistar este coraçãozinho de pedra. Letras engraçadas, boas músicas e...animação! A performance de palco é sensacional. Muito agitada.

Para surpresa geral, os caras do Cachorro Grande estavam na casa também. E como todos sabem, gosto muito deles. Com duas bandas no recinto, você pode imaginar a quantidade de groupies e aspirantes que havia, né? Milhares! Estavam excitadíssimas. Um grito aqui, uma passada de mão ali. Fizeram a festa com os garotos.

Logo na fila, ouvi uma menina falando à outra: “No último show deles, o Tuba (baterista do Faichecleres) me pegou três vezes”.

........Pausa para o vômito........

Lá pras 3 da madrugada fui ao banheiro. Lavei as mãos e o rosto, e esperei o meu amigo na porta. Como um fantasma, surgiu do nada, Beto Bruno (vocalista do Cachorro Grande e famoso). Parou na minha frente, e ficou olhando para mim durante alguns segundos. Até agora não entendi a cena. Não havia motivo para ele ficar ali, muito menos para a “encarada” gigantesca. Sim, você está pensando que pedi um autógrafo ou uma foto, como qualquer fã faria, né? Antes um rápido comentário:

Talvez, a bajulação ao artista esteja ligada ao desejo do ser humano de fugir da realidade, de não encarar seus problemas, sua vida. Idolatramos outras pessoas porque elas têm aquilo que sonhamos, um mundo sem obstáculos, perfeito, rico, glorioso. Enquanto nós, meros mortais, temos dívidas, dúvidas, erramos. Sofremos a mediocridade da normalidade (perdão pela rima), do anonimato, da vida sem grandes feitos. É por isso que adoramos novela, Big Brother, estrelas do rock, alemães e siris. Vivemos o outro, pois o outro é tudo que gostaríamos de ser.

Eu, um orgulhoso nato, mesmo que morrendo de vontade, não pediria um autógrafo nem se o John Lennon aparecesse na minha frente agora. Quero crer que não sou (apesar de ser) tão insignificante assim. Idolatrar alguém, para mim, é admitir que ela seja melhor que eu. Talvez até seja, mas confirmar isso, nunca! (Um orgulhoso não confessa estar errado nem se estiver cara a cara com o tinhoso).

Agora, você, leitor amigo, quer saber o que falei para o Beto Bruno, né? Vou contar.

Ele continuou olhando para mim, parado na porta do banheiro, o tempo passando e eu sem palavras, mudo. As groupies, do lado de fora, chamando-o, gritando histericamente, freneticamente. Foi aí que soltei, antes de ir embora, a melhor frase que já pronunciei na vida: “E aí, beleza?”.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

The Meaning of pain

Nunca postei nada aqui (tirando aquele lixo de texto inicial). Meus amáveis colegas postam seus disparates pelo menos uma vez por semana...E como o venerável Sato anda me cobrando, resolvi postar. Já me cansei das críticas políticas, reflexões sobre a vida e outros temas que circulam por esse espaço. Até porque quem conhece os meus companheiros de blog sabe que eles não são muito preocupados com estes assuntos.

The Meaning of pain

Bom, faz tempo que observo religiões, às vezes por pura falta do que fazer e outras (poucas) por sentir curiosidade em ver as reações de seus respectivos seguidores. Notei que praticamente todas possuem idéias de lugares por onde nós passaremos (ou pelo menos eu passarei) a eternidade no sofrimento. Inferno, purgatório, vale das sombras, colo do capeta, fila do INSS, show de funk e etc. Sim, meu caro leitor, concordo que são formas terríveis de sofrimento, mas engana-se quem pensa que alguma dessas formas foi a escolhida por Deus para punir a humanidade. A que O Todo Poderoso escolheu foi uma bem pior: a dor de barriga. Quem nunca foi agraciado com uma bela de dor de barriga? Seja sincero! Aquela que vem do nada quando você menos espera, que faz o suor descer pelo rosto e o desespero tomar conta de sua alma.

Tudo começa quando você está na rua, estádio, rodoviária ou em algum outro lugar onde as condições de higiene não são grandes prioridades. Faz várias horas que você não se alimenta...Seu estômago reclama, suas pernas estão fracas, quando você avista aquela bela coxinha de frango espumando gordura no boteco mais próximo. “Boteco do Zé”, “Empada da gostosa”, “Tião’s bar”, são alguns dos nomes mais comuns para estes estabelecimentos. Você desesperado por algo para encher o bucho, logo pergunta: “Quanto é essa coxinha aí?”. O atendente responde que custa apenas 50 centavos, e que você ainda pode levar um suco de maracujá se acrescentar mais 25 centavos. Mas pensando em seu bem-estar, vem aquela pergunta clássica: “Foi feita quando isso aqui, amigo?”. E o atendente sem dar muita bola pra você responde: “Rapaz, têm uns dias que ta aí, eu ia comer na terça passada, mas enchi a barriga de mocotó e fiquei sem vontade”. Deus como é sempre muito justo envia alguém para te alertar sobre os males que aquela anomalia (sim, a coxinha) pode lhe causar. Geralmente é um amigo, namorado (a) ou familiar que diz: “Você vai comer isso aí? Tá louco? Isso aí tá parecendo um bicho morto! Rapaz, não come, isso aí vai te dar um revertério que só Jesus pra te salvar depois”. Esquecendo as súplicas daqueles que te amam você come, sente a gordura da coxinha espumando pela boca e em alguns casos sente os espasmos dados por ela não tentativa de sobreviver. A desgraça está feita, agora só resta esperar pelo pior e agüentar o martírio com dignidade. Passam-se as horas, algumas contrações são sentidas na barriga, mas nada muito sério (ainda), mas a desgraça ocorrerá em questão de horas e o diabo já se delicia em pensar no seu sofrimento. Mas sem nem imaginar o que irá acontecer o pobre infeliz vai dormir. No dia seguinte você acorda com o rosto amarelado, e já não se sente tão bem quanto antes. Mas a vida não pode parar. Você se arruma e vai realizar suas tarefas diárias. O pior de sofrer com esse male não é totalmente pela dor e sim estar na rua sem as condições necessárias para realizar a tarefa. Veja abaixo os possíveis lugares que isso pode acontecer e lhe causar desespero, veja se você já passou situação parecida.

Ônibus/Metrô/Trem: Bom, esse é sem dúvida o pior de todos, ainda mais se você viver em uma grande metrópole como Satã Paulo (digo, São Paulo). No caso do trem e do metrô a sua dor de barriga será antecipada, devido aos socos e cotoveladas que você levará na barriga. Você vai estar lá, só com a possibilidade de movimentar o pescoço por causa da lotação que contraria as leis da física, quando ela irá atacar. É. Não há o que fazer, se você tiver muita fé implore a Deus para diminuir a intensidade de sua punição. Certa vez, vi isso acontecer com um rapaz na linha vermelha do metrô de São Paulo às 7:00 da manhã. Meu Deus, o pobre ser humano se retorcia e fazia expressões de horror. Confesso que acompanhava a cena com extrema atenção para ver a reação dele, era de dar dó. Em um momento era possível ouvir suas preces: “Por que meu pai? Logo eu? Por que eu? Aaaaa uuuuu,”dentre outros suspiros indecifráveis. Nessas horas é que você vira um bom cristão, promete nunca mais beber, ir a missa com freqüência, se tornar missionário da igreja e viajar para a África entre outras promessas na esperança de se livrar da dor. No caso do transporte público você tem duas alternativas: mandar ver ali mesmo e ser espancado pelos outros, devido ao cheiro não muito agradável; ou agüentar firme até o próximo banheiro. No caso da segunda alternativa, muito provavelmente só monges tibetanos, que possuem controle total da mente, conseguem, mas você pode tentar...Quem sabe Deus fica com pena de você.

Na rua: Meu ídolo Sato já me contou situações de pessoas que tiveram que passar por essa provação estando na rua. Não sei se a situação foi com algum amigo dele, como o próprio contou, ou se foi com ele mesmo. Sabe como é, às vezes por vergonha contamos a estória, mas como se tivesse acontecido com outra pessoa. Nesse caso, não é tão difícil, pois é só procurar um local que tenha banheiro e exorcizar o demônio que se encontra em sua barriga. Uma dica: Eu sei que é difícil, pois quando você está passando mal não lembra nem do seu próprio nome, mas verifique se o banheiro a ser utilizado possui papel higiênico, do contrário...Você se fodeu! O Sato certa vez me disse que se não houver papel o mais aconselhável é utilizar as meias ou a própria cueca, segundo ele o que estiver mais velho é o mais apropriado para situação, visto que será descartado logo em seguida. É interessante que alguns estabelecimentos possuem uma taxa para se utilizar seus banheiros. Bom. Se pelo menos esse dinheiro fosse utilizado para a limpeza dos mesmos. Nessa situação, o indivíduo joga a carteira no balcão e diz: “Cobra quanto você quiser, mas me deixe usar essa porra!” E sim, quando estamos com dor fazemos coisas que normalmente não faríamos, não é mesmo Sato?

No estádio: Esse aqui é complicado. Alguém já viu como é o banheiro de um estádio brasileiro? É a coisa mais degradante que existe. Um fedor insuportável. Torcedores gritando. Falta à tranqüilidade necessária expurgar os males internos...Impossível! Faça como eu, que fui assistir São Paulo X Corinthians no Morumbi e faltando alguns minutos para o fim da partida fui agraciado com a punição dos deuses. De início consegui agüentar porque a emoção de ver meu time vencendo era sensacional. Mas ao término da partida, quando recuperei a sanidade que costumo perder ao assistir meu time de coração, é que a coisa ficou feia. Sou corintiano e para poder utilizar o banheiro de um Habib’s localizado nas proximidades do estádio, passei a uns 200 metros da maior torcida organizada do São Paulo. Fazer o que? Um ser humano com o mínimo de dignidade não utiliza banheiros de estádio. Pergunte pra quem costuma ir a jogos que beleza que é.

Uma festa/balada: Você passa um mês esperando por aquela festa, mas o que acontece? Se for festa de criança pode ter certeza que quando você sair do banheiro vai ter um pirralho te esperando só pra falar: “Por que você demorou?” ,ou ainda, “O que você tava fazendo, tio?”. Se for balada...Bom, não sei. Nunca vi isso acontecer com ninguém em balada, sério mesmo. O álcool deve ser um agente inibidor. Sabe como é banheiro de balada, né? Se isso acontecer neguinho vai te filmar, fotografar, colocar no youtube...Vai saber.


É por isso que recomendo que você se alimente em casa e somente com coisas saudáveis. Comer na rua te leva a essas situações. Mas se não tiver jeito existe alguns fatores que podem identificar um estabelecimento com alimentos estragados.

Verifique se o próprio atendente ou dono do local possui aspecto limpo, pois se ele é porco com a sua aparência, imagine com os alimentos que faz.

Enquanto você come o funcionário olha pra você rindo ou com cara de dó? Indício irrefutável.

Verifique se há outros clientes na loja. Se estiver apenas você é porque o lugar é uma bela merda e os alimentos não devem ser feitos diariamente.

Cuidado com alimentos “suados”. Se é que você me entende.

Alvará de funcionamento vencido? Última inspeção da vigilância sanitária em 1998? Fuja dessa extensão do inferno o mais rápido possível.

Alimentos muito baratos também não são muito confiáveis. Não ouça o Sato quando ele diz que conhece um lugar que vende hambúrguer por 1 real. Todas as experiências dele com dor de barriga foram logo após visitar esse local.

Faltar com educação quando estiver falando com um funcionário é um erro fatal. Ele vai te oferecer como refeição aquele salgado que estiver com a colônia de fungos mais desenvolvida.

Evite pães de batata (alguns entenderam)

Mas mesmo sendo cuidadoso, não adianta fugir, correr, gritar ou rezar, pois quando menos você esperar ela vai aparecer. Na rua, no metrô ou em qualquer lugar...HAHAHAHAHHA SEE YOU IN HELL MOTHER FUCKER

Nojento? Eu? Você ainda não viu nada!