domingo, 2 de novembro de 2008

Sobre heróis e algumas mentiras

Os meus sonhos e ideais para um recomeço da humanidade realmente foram para o ralo no dia em que o Sato me revelou o segredo das lutas dos Power Rangers:

– Na verdade, as batalhas eram da série japonesa. Os atores americanos só apareciam nas cenas sem ação e sem armadura. Ou seja, eram duas séries, uma japonesa (das lutas) e outra americana (com cenas do cotidiano). Apenas misturavam as imagens. – despejou o Sato, assim, como se fosse algo normal de se dizer em público.

O impacto que essa informação causou neste ser que vos escreve foi astronômico: toda a minha infância foi jogada no lixo, a imaginação pueril da mesma forma, a lembrança dos bonecos, a música que chamava os Rangers, o Alfa, o Tommy, a Astronema, a Rita Repulsa, tudo, tudo isso não faz mais sentido para mim, perdeu o valor lúdico que exercia em minha vida.

E dessa vez, meus caros, não omitirei a minha opinião: fazer isso com as pessoas é sacanagem! Enganar as crianças deste modo banal é inaceitável no mundo em que vivemos hoje. Eu sempre acreditei ser mesmo Jason dentro daquela armadura vermelha, que a Kimberly colocava o capacete de verdade, que o Billy (nerd da história) lutava contra os monstros mesmo sem saber nada de artes marciais.

E a Globo? Vocês já pensaram na Globo? Nem para nos avisar da farsa eles serviram. Pior: continuam exibindo Power Rangers para as novas gerações e não informam ninguém. Tenho pena das crianças de hoje: no futuro, elas serão iguais a mim, se sentirão humilhadas com a mentira descabida.

Enfim, me enganaram, enganaram você, enganaram meus amigos de infância e enganaram toda uma geração de crianças abandonadas na frente da televisão durante as manhãs de sábado. O que será de nós agora, camaradas? Que sentido têm as nossas vidas com essa informação? Vamos para rua! Precisamos de justiça!

Mas tudo bem, por enquanto. A batalha continua. Me recuperarei do baque. Vou ali na quitanda da esquina comprar um Quik e um gelinho americano para esquecer as mentiras do mundo. Agora só falta alguém me dizer que o Nino do Castelo Ra-Tim-Bum não tem mesmo 300 anos. Aí eu morro.