sábado, 6 de dezembro de 2008

A arte de ser fodão - Por Leandro Machado e Jefferson Sato

A frase “um cara fodão sempre será um cara fodão” talvez defina o espírito do tema: personagens de sagas literárias, cinematográficas e televisivas que, de tão singulares, emblemáticos e realizadores de grandes feitos para o progresso da humanidade, ganham a sagrada alcunha de “cara fodão”.

Um cara fodão é imortal, para início de conversa. Quer dizer, ele só morre quando deseja, escolhendo a data, o local e a razão. Um cara fodão nunca está errado: seus planos, por mais estranhos que pareçam, sempre dão certo. Nenhuma pessoa no universo supera a inteligência de um cara fodão; ninguém, absolutamente ninguém.

Um cara fodão não é mocinho nem vilão, ele está acima de tal pobre classificação. Os feitos de caras fodões desafiam a lógica e a física estabelecida pela reles humanidade. Bombas nucleares, furacões, ondas de cinco metros e os mais diversos eventos que o planeta é capaz de produzir não têm efeitos sobre caras fodões.

Segue abaixo alguns exemplos de caras fodões:

Jack Bauer (24 Horas): Certa vez, o protagonista da série 24 horas estava em um avião que caiu: só ele sobreviveu. Em outra ocasião, Jack Bauer escapou ileso de uma explosão nuclear que aconteceu na rua abaixo a que ele estava. O agente da UCT (Unidade de Combate ao Terrorismo) também já saiu vivo após ser infectado por vírus mortal, não teve sequer arranhões em terríveis acidentes de automóvel e foi perseguido sem sucesso por agentes russos, chineses e até americanos. Um autêntico cara fodão.

Dumbledore (Harry Potter): O professor da Escola de Magia de Hogwarts é tão fodão que recusou beber o elixir da vida, líquido que lhe daria a singela imortalidade. O barba branca, aliás, escolheu o dia, o lugar, a situação e até a pessoa que o mataria. E ele só morreu, é bom que se diga, porque não tinha mais o que fazer no planeta: já fizera de tudo em seus mais de 150 anos. Cansou de derrotar vilões, coitado.


Noah Bennett (Heroes): Há quem diga que este homem é um ser humano normal, sem poderes especiais. Saibam que isso é mentira. O poder dele é ser FODA e ter um plano para tudo. Inclusive, vários outros indivíduos, com e sem poderes, costumam tentar encurralá-lo com chantagens. Doce ilusão, porque no final é ele quem sai por cima. Só ele consegue bolar meios de enfrentar os mais poderosos malfeitores, fugir de prisões usando as habilidades dos outros (que isso fique claro) e discutir com o Sylar como se este fosse tão inofensivo quanto um mosquito, entre outros grandes feitos que não posso revelar por conter spoilers. Aliás, ele é tão fodão que fizeram questão de ressuscitá-lo. Quer prova maior?


John McClane (Duro de Matar): Um dos precursores da categoria “cara fodão”. Digo isso porque todos os caras fodões que apareceram depois dele tinham um pouco de John McClane em suas fodices. Ele praticamente inventou o estilo “fugir de uma situação mortal inevitável”. E ainda faz piada disso. Antes dele ninguém imaginaria um policial explodindo um andar inteiro de um prédio jogando uma bomba C4 em um buraco de elevador só para assustar um pouco. Foi também o primeiro a lutar na asa de um avião em movimento, inclusive, contra um cara bem mais forte e preparado fisicamente do que ele (venceu, óbvio). E em seu último filme, jogou um carro num helicóptero só porque ficou sem balas. “Yippie ki-yay, motherfucker!”


Gil Grissom (C.S.I.): A inteligência deste investigador fodão talvez ultrapasse os limites desses métodos de medição fajutos que realizam por aí. Certa vez, Grissom descobriu, através das qualidades de uma barata, o esconderijo de um assassino. Ele inventou todos os métodos de investigação criminal usados por esses policiais que andam pelas ruas. Grissom, aliás, é um grande autor de frases filosóficas: “adoro a humanidade, só detesto as pessoas”; ou frases com certa dose de ironia: “eles pensam que podem enganar a gente”.