Falando em "serviço sujo" e "escrever" na mesma sentença, resolvi falar dessa coisa que ando presenciando, não só na minha vida pessoal, mas no jornalismo de uma maneira geral também: a mentira. Só que estou exagerando ao falar que é mentira, o certo é manipulação da verdade, ou, para alguns, omissão da verdade completa.
Existem momentos e fatores que obrigam a mídia a expor uma informação de forma mais leve. Eu lembro de uma palestra em que alguém disse que, quando acontece alguma tragédia, como um acidente bem feio de avião, a mídia diz que a lista de mortos ainda não foi divulgada. A questão é que, muitas vezes, isso é uma mentira descarada! Opa, não é mentira, é omissão da verdade: acontece que, por respeito às famílias, a tal da lista não pode ser exposta à nível público antes que os próprios familiares saibam.
Outro exemplo é, ainda na questão dos acidentes, quando dizem que a vítima morreu rapidamente e não sentiu dor. Dá pra imaginar com que tipo de fúria a população, ao saber que uma criança morreu de forma lenta e dolorosa, iria para cima de uns moleques que, bêbados, a mataram de forma fria e cruel?
Claro que esses exemplos e respectivas explicações são apenas um lado da moeda. Podem existir diversos outros fatos e fatores que eu não saiba ou não tenha dito. A questão é: como aluno de jornalismo eu também escrevo matérias (com rascunhos, primeira versão, revisão, versão final) e nesse processo eu me deparei, inúmeras vezes, com esse dilema: até que ponto uma verdade é realmente verdade? Aumentar ou diminuir uma informação pode ser apenas uma questão de má interpretação. E aí, saindo do meu mundo universitário e ampliando para o global, até onde a mídia vai nessa história? Até onde é verdade o que eles dizem pra gente todo dia de manhã? Até onde isso é manipulação?
No livro "Elementos do Jornalismo", de Bill Kovach e Tom Rosenstiel, há uma lista de itens fundamentais para exercício desta profissão. Entre elas: "Sua primeira lealdade é para com os cidadãos." e "Seus profissionais devem ter direito de exercer o que lhes diz a consciência.". Mas onde está essa consciência?
Não consigo nem chegar em um ponto definitivo nessa história, mas achei que seria interessante deixar a idéia no ar para que haja um pouco de filosofia neste assunto, por parte de vocês. É apavorante imaginar que, o tempo todo, você pode estar sendo controlado com umas cordinhas, pensando o que querem que você pense.
Ou estou mentindo?