Não é falta de inspiração escrever sobre o mesmo tema da última postagem. Eu apenas preciso compartilhar com vocês as humilhações que passei por ser estagiário. Falo porque hoje acho engraçado tudo que passei. Contarei mais algumas experiências que vivi.
Entrevista de estágio
Uma das coisas mais interessantes no estágio são os processos seletivos. Eu acho que conseguiria passar o resto da minha vida assistindo entrevistas de estágio. É uma pérola atrás da outra. Normalmente os candidatos na véspera do processo, entram em sites buscando dicas de como se portar bem em uma entrevista. Claro que existem regras, condutas e coisas que devem ser ditas para agradar o selecionador. O problema é que alguns candidatos decoram exatamente do jeito que aprendem e acabam parecendo dubladores de novela mexicana na hora de falar.
No processo seletivo da primeira agência em que trabalhei presenciei algumas coisas curiosas. Vejamos algumas abaixo:
A moça do RH começou a perguntar sobre coisas que tínhamos dentro de casa. Em um determinado momento ela começou a falar de animais de estimação e a relação que cada candidato tinha com seus bichos.
- Daniel, você tem cachorro, gato ou algo do tipo?
Respondi que não, pois morava em apartamento e era praticamente impossível.
Foi então que ela perguntou para jamanta ao meu lado:
- Fulana, você tem algum animal de estimação?
A menina respondeu:
- Tenho só a minha irmã.
Nesse momento, a minha vontade de rir era tão grande que eu tive de morder a língua. Pensei que não agüentaria. Comecei a beliscar o braço para fazer o cérebro focar em outra coisa. Consegui me controlar.
Após um tempo, a selecionadora perguntou se todos ali falavam inglês. Com a resposta positiva de todo mundo, ela disse que faria algumas perguntas em inglês e que gostaria que a respostas também fossem na mesma língua.
- Daniel, do you like to read books? Why?
Não lembro o que respondi.
Logo em seguida ela perguntou:
Fulana(não era a mesma dos animais de estimação), how was your childhood?
E ela respondeu:
- Yes.
Fiquei olhando para a moça do RH e para a menina sem entender. E candidata começou a ficar vermelha e com uma expressão de choro.
Fulana, você não fala inglês? Aqui no seu currículo consta um intercâmbio. Explique isso melhor
A menina então disse:
- Ah sim, eu passei uma semana na Disney.
Nesse momento a vontade que eu tinha era de agredir a criatura. Como alguém pode ser tão ingênuo? Mentir um intercâmbio achando que uma semana na Disney seria equivalente? Em seu currículo não constava a instituição que ela estudou, o modelo de intercâmbio que ela fez nem o tempo que ela ficou nos Estados Unidos. É por isso que eu costumo dizer pro Sato: “Mano, eu tento não rir de certas coisas, mas o mundo e as pessoas não ajudam. Fica muito difícil”
Estagiários só andam com estagiários.
Nada mais natural que estagiários conversem, almocem e andem com outros da mesma função, afinal são em sua maioria da mesma faixa etária, possuem os mesmos gostos e conversam sobre as mesmas coisas. Eles também se comunicam com seus chefes e com outras pessoas que trabalham próximas, é verdade. Mas quando encontram pessoas que não conhecem em cargos acima, ou seja, todos, eles ficam tímidos e quietos. Sabe quando o capataz entra na senzala e todos os escravos se calam? É similar. Existem exceções, mas estes rapidamente são humilhados e começam a andar apenas com sua própria gente.
Na copa da primeira agência em que trabalhei costumava encontrar outros estagiários. A conversa começava a fluir e em pouco tempo estávamos rindo e falando alto sobre baladas, faculdade etc. Quando surgia alguém de função diferente imediatamente e sem explicação nos calávamos e o máximo que um falava pra outro era:
- Da hora...
Enquanto a pessoa não deixasse o local, nós não conseguíamos conversar do jeito de antes. Não sei se isso acontece em locais menores. A primeira agência que trabalhei é enorme e observei isso muitas vezes.
Essa relação entre estagiário e superiores é algo engraçado. Lembro-me que nos meus primeiros dias andando pelos corredores encontrei uma das diretoras do local. Ela me olhou simpática, sorriu e me cumprimentou. Fiz o mesmo e voltei para minha mesa. Perguntei para minha chefe quem era e ouvi como resposta que tratava-se de uma das pessoas mais experientes e poderosas da empresa. Achei bacana e comentei que havia gostado dela. No dia seguinte a mesma mulher se aproximou da minha mesa e perguntou quem eu era. Minha chefe respondeu:
- É o novo estagiário.
Ela ficou surpresa e disse:
- Estagiário? Ele parece mais velho. Achei que fosse de outra função.
Essa mulher nunca mais me cumprimentou. Nos outros 11 meses e 3 semanas que permaneci estagiando ali, ela nunca mais me cumprimentou. Devo ter passado por ela mais umas 30 vezes e ela sempre fingia não me ver.
Ainda tenho outras humilhações para contar, mas vou parar por aqui.
Leia também a parte 1
Entrevista de estágio
Uma das coisas mais interessantes no estágio são os processos seletivos. Eu acho que conseguiria passar o resto da minha vida assistindo entrevistas de estágio. É uma pérola atrás da outra. Normalmente os candidatos na véspera do processo, entram em sites buscando dicas de como se portar bem em uma entrevista. Claro que existem regras, condutas e coisas que devem ser ditas para agradar o selecionador. O problema é que alguns candidatos decoram exatamente do jeito que aprendem e acabam parecendo dubladores de novela mexicana na hora de falar.
No processo seletivo da primeira agência em que trabalhei presenciei algumas coisas curiosas. Vejamos algumas abaixo:
A moça do RH começou a perguntar sobre coisas que tínhamos dentro de casa. Em um determinado momento ela começou a falar de animais de estimação e a relação que cada candidato tinha com seus bichos.
- Daniel, você tem cachorro, gato ou algo do tipo?
Respondi que não, pois morava em apartamento e era praticamente impossível.
Foi então que ela perguntou para jamanta ao meu lado:
- Fulana, você tem algum animal de estimação?
A menina respondeu:
- Tenho só a minha irmã.
Nesse momento, a minha vontade de rir era tão grande que eu tive de morder a língua. Pensei que não agüentaria. Comecei a beliscar o braço para fazer o cérebro focar em outra coisa. Consegui me controlar.
Após um tempo, a selecionadora perguntou se todos ali falavam inglês. Com a resposta positiva de todo mundo, ela disse que faria algumas perguntas em inglês e que gostaria que a respostas também fossem na mesma língua.
- Daniel, do you like to read books? Why?
Não lembro o que respondi.
Logo em seguida ela perguntou:
Fulana(não era a mesma dos animais de estimação), how was your childhood?
E ela respondeu:
- Yes.
Fiquei olhando para a moça do RH e para a menina sem entender. E candidata começou a ficar vermelha e com uma expressão de choro.
Fulana, você não fala inglês? Aqui no seu currículo consta um intercâmbio. Explique isso melhor
A menina então disse:
- Ah sim, eu passei uma semana na Disney.
Nesse momento a vontade que eu tinha era de agredir a criatura. Como alguém pode ser tão ingênuo? Mentir um intercâmbio achando que uma semana na Disney seria equivalente? Em seu currículo não constava a instituição que ela estudou, o modelo de intercâmbio que ela fez nem o tempo que ela ficou nos Estados Unidos. É por isso que eu costumo dizer pro Sato: “Mano, eu tento não rir de certas coisas, mas o mundo e as pessoas não ajudam. Fica muito difícil”
Estagiários só andam com estagiários.
Nada mais natural que estagiários conversem, almocem e andem com outros da mesma função, afinal são em sua maioria da mesma faixa etária, possuem os mesmos gostos e conversam sobre as mesmas coisas. Eles também se comunicam com seus chefes e com outras pessoas que trabalham próximas, é verdade. Mas quando encontram pessoas que não conhecem em cargos acima, ou seja, todos, eles ficam tímidos e quietos. Sabe quando o capataz entra na senzala e todos os escravos se calam? É similar. Existem exceções, mas estes rapidamente são humilhados e começam a andar apenas com sua própria gente.
Na copa da primeira agência em que trabalhei costumava encontrar outros estagiários. A conversa começava a fluir e em pouco tempo estávamos rindo e falando alto sobre baladas, faculdade etc. Quando surgia alguém de função diferente imediatamente e sem explicação nos calávamos e o máximo que um falava pra outro era:
- Da hora...
Enquanto a pessoa não deixasse o local, nós não conseguíamos conversar do jeito de antes. Não sei se isso acontece em locais menores. A primeira agência que trabalhei é enorme e observei isso muitas vezes.
Essa relação entre estagiário e superiores é algo engraçado. Lembro-me que nos meus primeiros dias andando pelos corredores encontrei uma das diretoras do local. Ela me olhou simpática, sorriu e me cumprimentou. Fiz o mesmo e voltei para minha mesa. Perguntei para minha chefe quem era e ouvi como resposta que tratava-se de uma das pessoas mais experientes e poderosas da empresa. Achei bacana e comentei que havia gostado dela. No dia seguinte a mesma mulher se aproximou da minha mesa e perguntou quem eu era. Minha chefe respondeu:
- É o novo estagiário.
Ela ficou surpresa e disse:
- Estagiário? Ele parece mais velho. Achei que fosse de outra função.
Essa mulher nunca mais me cumprimentou. Nos outros 11 meses e 3 semanas que permaneci estagiando ali, ela nunca mais me cumprimentou. Devo ter passado por ela mais umas 30 vezes e ela sempre fingia não me ver.
Ainda tenho outras humilhações para contar, mas vou parar por aqui.
Leia também a parte 1
8 comentários:
HUahuahuahuauhahuauhahuahuahuahuhau!
Humilhação é com nós mesmos. Bem-vindo aos Neurolistas de novo.
Te vemos novamente daqui a uns nove meses.
HASHASHASHAHSHASHASHHASHAHS
Comédia demais! Ri muito na parte na menina falando inglês! hhahaha
Você deveria escrever a parte 3 pra contar sua última experiência. =)
Parabéns pelo texto.
Abs
a menina ali deve ter se sentido humilhada pelo "intercâmbio" na Disney depois da pergunta!
.. ou não.
Parabéns pelo texto, ficou realmente bom, Daniel! :)
Ótimo texto.
Algumas coisas eu já sabia, outras me fizeram rir demais.
auhuhauhauhauhauha
P.S: Viram como eu não estava mentindo? Eu realmente vi ele escrevendo isso.
hahahha
Beijo =]
Vc sabe que essa coisa da discriminação é mais comum do que se imagina. Não pense que quando exercer outras funções isso deixará de acontecer. Por exemplo, quando trabalhei numa empresa de segurança patrimonial (era uma espécie de consultor além de fazer os projetos) estava sempre presente na casa dos clientes para conciliar o projeto de proteção com a arquitetura e decoração, pra não melindar os arquitetos (ô raça!). Um dia, aguardando o cliente e o artista (autor do projeto) pra uma reunião, estava na entrada da casa quando passa por mim, impávido colosso, a figurinha (então bastante famoso a época, tipo entrevista no Jô, perfil na Veja, etc.). Ele me vê, estendo a mão par cumprimentá-lo respeitosamente. O fdp passou direto, me encarando como se olha uma estátua cagada de pombo. Pouco depois, chega o dono da casa, me vê (de verdade), chama o boiolão e apresenta: "este é o ARQUITETO Adhemar, da empresa de segurança..." Ao ouvir a palavra mágica, o lacraia-nojenta só faltou beijar os meus pés!
Ó, e casos assim, presenciei aos montes, vai se preparando.
Abç,
Adh2bs
MORRI COM O ÚLTIMO COMENTÁRIO! BWUHAHUAUHAUHAHUAUHAUHAUAUHAHUAUHAHUAUHAUHAUHAHAUHAHUAUHAHUAHUHUAAHUAHUHUAAUHHAUUAHUHAUHA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
"IMPÁVIDO COLOSSO"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Não dá pra acreditar como tem gente ingênua, pra não dizer outra coisa, a ponto de mentir sobre intercâmbio!
Só rindo mesmo.
Adhemar Juan
BWUHAHUAHUAHUAUHAUHA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
CEZAR E PAULINHO!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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